14 agosto 2011

OS QUE QUISERAM ATRAVESSAR O MURO

Existe um conjunto de fotografias clássicas a respeito daqueles que quiseram atravessar o Muro de Berlim. Há os que tiveram sucesso e a fotografia simbólica mais conhecida desse grupo é a de Conrad Schumann (acima), datada de 15 de Agosto de 1961, que já tive oportunidade de comentar em mais detalhe num outro poste que aqui publiquei. E depois há os que fracassaram, e aí a fotografia mais conhecida será a de Peter Fechter (abaixo), datada de 17 de Agosto de 1962, cerca de um ano depois da construção do Muro. Por volta do meio-dia, Peter e um amigo atravessaram a correr a zona da morte adjacente ao muro, ignorando as ordens dos guardas orientais, que acabaram por atirar, atingindo-o várias vezes enquanto o amigo chegava incólume ao Ocidente.

Atingido, Peter ali ficou durante quase uma hora ainda em território da Alemanha Oriental, esvaindo-se em sangue e pedindo ajuda de forma cada vez mais débil, numa situação escandalosa do ponto de vista humanitário mas imensamente delicada do ponto de vista político, diplomático e militar. Só ao fim desse tempo é que, diante de centenas de berlinenses do lado ocidental, os guardas do outro lado terão recebido autorização para ir buscar Peter, agora já cadáver. Não deixa de ser uma ironia descobrir que os que passam por salvadores de Peter Fechter na famosa fotografia houvessem sido também os agentes da sua morte. Aliás, quem domina a fotografia não é o morto, antes a cara assustada do guarda da direita, numa demonstração quanto os medos da guerra-fria eram recíprocos…

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