A fotografia acima não é apenas a fotografia de uma qualquer rua comercial de uma anónima cidade algarvia. Há ali toda uma história que posso contar, a começar pela grelha de escoamento das águas pluviais ao centro do pavimento que já terá servido de linha de comboio para a imaginação de crianças de consecutivas gerações. Olhando para cima, a nesga de céu azul sem sombra de nuvens sugere um Sol que à hora a que a fotografia foi tirada ainda mordia, reduzindo os transeuntes aos indispensáveis e dando sentido literal à familiar expressão ir pela sombra. Contudo à fotografia falta-lhe o cheiro. Um cheiro a rua comercial com as suas lojas tradicionais, predominando os artigos de vestir e calçar. Um cheiro omnipresente que transbordava para a rua, a peças de fazenda ou artigos de retrosaria secos pelos meses infindos de exposição àquele calor, um calor opressivo que nem as velhas ventoinhas suspensas dos tectos das lojas, no seu girar modorrento e desengonçado, fingiam atenuar…
Já vamos na poesia!
ResponderEliminarAi a concorrência...
É prosa poética. E a concorrente gosta.
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