
Teresa Firmino é a especialista do jornal em artigos científicos e é experimentada. Mas deve ter achado que o assunto era assim para o aborrecido e resolveu avivá-lo criando um enredo à José Hermano Saraiva… E saiu-lhe assim: Ao fim de seis anos de investigação, a equipa descobriu que o antepassado selvagem da levedura da cerveja lager ainda vive nas florestas da Patagónia. Portanto, no século XV, quando os europeus começaram a transportar pessoas e mercadorias de um lado para o outro, através do Atlântico, uma espécie de levedura da América do Sul viajou milhares de quilómetros, quem sabe se num pedaço de madeira ou no estômago de uma mosca-da-fruta, e acabou por ir parar às caves e mosteiros da Europa Central. Ao fundir-se com a levedura até aí usada, numa feliz coincidência que muitos agradecem hoje, deu origem a um híbrido, que permitiu a fermentação da cerveja a temperaturas baixas.
Claro que Teresa Firmino devia saber que o Século XV vai de 1401 a 1500 e devia também saber que Cristóvão Colombo descobriu a América (apenas as Antilhas) em 1492. Podia-lhe ocorrer que o ano da descoberta do Brasil foi 1500. Podia-se informar que a Patagónia fica no Sul da Argentina e que os primeiros europeus que a atingiram foram os da expedição de Fernão de Magalhães na sua viagem de circum-navegação em 1521. O que torna improvável – tanto mais que o processo läger terá aparecido na primeira metade do Século XV – que a espécie de levedura tenha feito aquela viagem atribulada cuja descrição imaginativa é digna de um título: Harry Potter e a mosca-da-fruta glutona. E, embora acredite que seja o sonho de toda a jornalista transformar-se na próxima J.K. Rowling, ainda mantenho aquela ideia antiquada que a escrita no jornalismo é uma actividade de não-ficção…
Ainda se fosse só o anacronismo, ainda perdoava.
ResponderEliminarPior, muito pior, é o aparecimento de erros de ortografia que os corretores ortográficos deixam passar.
Há uns dias atrás, numa notícia no Público on-line, apareciam os "maus concelhos" que alguém tinha dado a um terceiro.
E também já encontrei estes maus "concelheiros" no Expresso e no DN.
Eu também li um artigo.
ResponderEliminarEm princípio desconfio sempre (muito) destes estudos (pseudo) científico divulgados em meia página de jornal e, normalmente "passo".
Este, referia-se a um assunto que me é "caro" e, portanto li. A cerveja, seja ela de que côr fôr.
Lido o texto achei a coisa estranha e guardei para futura análise.
Poupou-me o António algum trabalho o que desde já agradeço.
Não sei se a Firmino é loira mas que é burra, perguiçosa e sem vergonha, é.
Cumprimentos
Fui ver uns velhos manuais,e não
ResponderEliminarme parece que a mosca da fruta
(ceratitis capitata)alguma vez tenha voado na Patagónia,e a
"douta" jornalista também não deve saber o que é um híbrido... deve
andar a treinar para escrever
ficção científica
Suponho, Rui Esteves, que o corrector automático é um processo de auxílio muito “lourinho burro” que é incapaz de identificar, por exemplo, nesta mesma frase a diferença entre “auxílio” e “auxilio”. E é da normas que não se podem delegar responsabilidades em tais “auxiliares”.
ResponderEliminarSugiro-lhe que, mesmo assim, leia o artigo e as opiniões dos cientistas envolvidos, Fernando Frazão, porque o assunto até é interessante e os investigadores não têm culpa nenhuma da jornalista que foi destacada pelo Público para o noticiar. Aliás, insisto em que o leiam, porque, mais do que não saber o que é um híbrido, Paulo, lendo o artigo fica-se ainda mais com a sensação que, para além da ignorância dos elementares de História, a jornalista especializada em assuntos “científicos” não possuirá os mínimos rudimentos de Microbiologia.