George Soros é um dos raros comentadores internacionais sobre assuntos financeiros que, mesmo não tendo recebido o Prémio Nobel (como Paul Krugman) nem profetizado a recessão (como Nouriel Roubini), merece o respeito por ter enriquecido – deterá uma das 50 maiores fortunas do Mundo – à custa de operações nos mercados cambiais, assunto sobre o qual se costuma pronunciar. Porém, simultaneamente, há que perceber-se que Soros é selectivo naquilo que diz publicamente, que Soros possui uma agenda política própria apoiada por uma excelente imprensa. De qualquer modo, se, numa entrevista à Der Spiegel, George Soros afirma que o Euro e o sistema financeiro podem sobreviver com o abandono da Grécia e de Portugal, a sua opinião é motivo para a nossa reflexão. Note-se que, lido no original, George Soros o afirma sem qualquer animosidade contra qualquer dos dois países¹: é a sua solução para a salvaguarda do sistema financeiro europeu vista da sua perspectiva.
Porém, o Euro e o sistema financeiro europeu sempre foram um problema colectivo e agora querem passar-nos por descartáveis. Convém perguntarmo-nos quais poderão ser as vantagens que poderemos conseguir dos nossos parceiros europeus com esse abandono… Certo Domingo, ao princípio da tarde, o alarme do meu carro começou a disparar inopinadamente. Nada de grave: umas crises que davam para aí de duas em duas horas e que duravam cerca de um minuto até o alarme voltar a emudecer. Quanto, ao fim da tarde, fui ver se podia fazer alguma coisa antes de levar o carro no dia seguinte à oficina, logo um vizinho prestável apareceu para me sugerir que desligasse a bateria, para que o alarme não tornasse a tocar. Quando lhe perguntei se teria a sua ajuda no caso de ter problemas em voltar a ligá-la no dia seguinte já as suas respostas foram muito menos prestáveis: o que o meu vizinho queria era dormir descansado nessa noite sem que o alarme o acordasse, o resto do problema era meu…
Parece-me ser tão natural o egoísmo da proposta do meu vizinho como aquele que George Soros encarna com a sua sugestão. Quanto a acatá-las... Quando possível, será preferível transformar o nosso problema no problema deles. O que, no caso de Portugal, equivale a deixarmo-nos ficar muito quietinhos à espera que a subida dos juros da dívida pública atinja a Espanha e a Itália¹ e assim assuma proporções que tornem o problema não cauterizável como propõe Soros… Afinal, pragmaticamente, George Soros não poderá levar a mal por Portugal estar a tentar fazer isso, para mais num momento em que ele também é notícia por estar a ser processado em 50 milhões de dólares pela ex-namorada brasileira. Tendo ele 81 anos e ela 28 é natural que não devesse haver muita paixão na relação e é da natureza humana que ela agora se tente fazer reembolsar, fazendo seu um discurso que será certamente muito parecido com a letra da canção abaixo. É tão tocante que, opinião por opinião, ele bem podia pagar alguns milhões dos que ela pede...
¹ Em proporção ao PIB total da Eurozona, Portugal representa 1,9%. A Irlanda (país que Soros não refere) 1,7%. A Grécia 2,5%. A Espanha 11,6%. A Itália 16,8%.
Porém, o Euro e o sistema financeiro europeu sempre foram um problema colectivo e agora querem passar-nos por descartáveis. Convém perguntarmo-nos quais poderão ser as vantagens que poderemos conseguir dos nossos parceiros europeus com esse abandono… Certo Domingo, ao princípio da tarde, o alarme do meu carro começou a disparar inopinadamente. Nada de grave: umas crises que davam para aí de duas em duas horas e que duravam cerca de um minuto até o alarme voltar a emudecer. Quanto, ao fim da tarde, fui ver se podia fazer alguma coisa antes de levar o carro no dia seguinte à oficina, logo um vizinho prestável apareceu para me sugerir que desligasse a bateria, para que o alarme não tornasse a tocar. Quando lhe perguntei se teria a sua ajuda no caso de ter problemas em voltar a ligá-la no dia seguinte já as suas respostas foram muito menos prestáveis: o que o meu vizinho queria era dormir descansado nessa noite sem que o alarme o acordasse, o resto do problema era meu…
Parece-me ser tão natural o egoísmo da proposta do meu vizinho como aquele que George Soros encarna com a sua sugestão. Quanto a acatá-las... Quando possível, será preferível transformar o nosso problema no problema deles. O que, no caso de Portugal, equivale a deixarmo-nos ficar muito quietinhos à espera que a subida dos juros da dívida pública atinja a Espanha e a Itália¹ e assim assuma proporções que tornem o problema não cauterizável como propõe Soros… Afinal, pragmaticamente, George Soros não poderá levar a mal por Portugal estar a tentar fazer isso, para mais num momento em que ele também é notícia por estar a ser processado em 50 milhões de dólares pela ex-namorada brasileira. Tendo ele 81 anos e ela 28 é natural que não devesse haver muita paixão na relação e é da natureza humana que ela agora se tente fazer reembolsar, fazendo seu um discurso que será certamente muito parecido com a letra da canção abaixo. É tão tocante que, opinião por opinião, ele bem podia pagar alguns milhões dos que ela pede...
Sem comentários:
Enviar um comentário