Quando foram lançadas nos Estados Unidos há quase 90 anos, as Selecções do Reader’s Digest (abaixo a edição portuguesa de há precisamente 40 anos – Agosto de 1971) eram uma revista inovadora, que condensava artigos seleccionados saídos noutras revistas e jornais e que se destinava aos leitores das classes mais abastadas – ainda hoje a Reader’s Digest tem uma penetração ímpar nos lares americanos com rendimentos iguais ou superiores a 100 mil dólares/ano¹. Trata-se de um público exigente que, nas suas relações sociais, não quer passar por ignorante sobre os assuntos correntes mas que também quer investir o menor tempo possível para conseguir esse resultado…
Se o resultado tem sido satisfatório para os leitores da revista (o seu sucesso editorial comprova-o), outro resultado foi a identificação de um certo estilo de cultura geral entre aqueles que a basearam nessas leituras de artigos condensados. Não é de estranhar que, por analogia e ironia, ela fosse designada por cultura condensada… A evolução dos tempos, porém, já tornou caduca a cultura condensada e estamos a entrar já numa era da cultura condensadíssima… Observe-se a página abaixo, a última da última edição da revista Visão com uma crónica de Ricardo Araújo Pereira. Quem pensar que o que se vê ali assinalado a amarelo são as partes com as piadas mais engraçadas do texto engana-se…
É um exemplo da tal cultura condensadíssima. O amarelo reflector serve para destacar as partes estritamente indispensáveis para se perceber de que trata o artigo: o Ricardo pega no Facebook (sublinhado do princípio) para gozar com Passos Coelho (sublinhado do fim). É o que se quer para um leitor exigente e moderno que goste de se mostrar ao corrente dos assuntos:
– Já leste a crónica do Ricardo Araújo Pereira na Visão?
– Aquele em que ele fala do Facebook para se meter com o Passos Coelho? Aquele gajo tem imensa piada. Para mim, é o que tem mais piada deles todos...
¹ Conforme se pode ler na Wikipedia a penetração nesse estrato social é superior à do Wall Street Journal e das revistas Fortune, Business Week e Inc. combinadas
É um exemplo da tal cultura condensadíssima. O amarelo reflector serve para destacar as partes estritamente indispensáveis para se perceber de que trata o artigo: o Ricardo pega no Facebook (sublinhado do princípio) para gozar com Passos Coelho (sublinhado do fim). É o que se quer para um leitor exigente e moderno que goste de se mostrar ao corrente dos assuntos:
– Já leste a crónica do Ricardo Araújo Pereira na Visão?
– Aquele em que ele fala do Facebook para se meter com o Passos Coelho? Aquele gajo tem imensa piada. Para mim, é o que tem mais piada deles todos...
¹ Conforme se pode ler na Wikipedia a penetração nesse estrato social é superior à do Wall Street Journal e das revistas Fortune, Business Week e Inc. combinadas
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