Dos 50 mil médicos a trabalhar no país, mil já terão comprovado a sua inaptidão informática para passar prescrições electrónicas.

Então os clínicos confessam-se incapazes de passar uma receita electrónica – um gesto que se assemelhará em complexidade informática ao de qualquer operação numa caixa multibanco – e podem continuar a exercer? O exercício daquela profissão não pressupõe uma formação continuada? A inaptidão informática que confessam não será sintoma de uma desactualização irreversível, passível de afectar decisivamente a qualidade do acto médico? Como é possível, por exemplo, que um médico com a falta de conhecimentos rudimentares de informática possa prescrever um exame como uma TAC (Tomografia Axial Computorizada)? Como é, prescreve o exame, embora não perceba rigorosamente nada de como aquilo funciona, ou então não prescreve porque ainda não teve tempo para se dedicar a essas coisas dos computadores (sic)?...
Em síntese, e esse é que é o grande furo jornalístico do artigo do Diário Digital citado acima, é que para além da constatada falta de médicos em Portugal parece acrescer o problema que haverá uma fracção dos que assim se intitulam que nem sequer deviam exercer…
É evidente que no universo dos 50 mil médicos do país, por muito que o seu órgão da classe se assuma como uma das elites deste país, há-de haver o seu contingente de medíocres. Mas torna-se embaraçoso que os médicos e, sobretudo, o bastonário da classe seja utilizado como peões de brega neste conflito das receitas electrónicas que não é um conflito que os envolva directamente: trata-se obviamente de uma guerra comercial entre o Estado e as farmacêuticas, com estas a anteverem uma sensível perda de receitas por causa da introdução do novo processo.

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