Quando as crianças ainda iam a pé para a escola, era frequente escolherem uma pedra – sílex, de preferência, para que fizesse faísca – que raspavam ao longo das paredes e muros do percurso. No final do trajecto as pedras ficavam com um aspecto muito parecido com o da fotografia abaixo, fortemente desbastadas dos lados que haviam sido submetidos ao atrito com as paredes. Só que esta fotografia não é de nenhuma pedra, mas sim de um satélite natural de Úrano, baptizado com o nome de Miranda…
Com cerca de 470 km de diâmetro médio, Miranda é o menor dos cinco grandes satélites de Úrano (abaixo) e a área de toda a sua superfície é apenas ligeiramente maior do que a do Afeganistão. Foi descoberto em 1948, mas quando foi fotografado de perto pela primeira vez, quando da passagem da sonda Voyager 2 pelas proximidades de Úrano em Janeiro de 1986, ninguém havia concebido teoria nenhuma sobre a formação de satélites que se enquadrasse com as formações que se observavam…
Foi mais um caso, frequentíssimo em astronomia, em que as observações precederam as teorias. A explicação mais imediata, justificando as bizarras formações geológicas que se observavam, com desníveis escarpados (abaixo) de pelo menos uns 5 km de altura(*), foi que um corpo celeste, antepassado de Miranda, fora percutido por outro de grandes dimensões e se desagregara em grandes blocos. Depois, estes haviam-se tornado a reunir pela acção da gravidade, mantendo contudo as cicatrizes do acontecimento…
A outra explicação, posterior e mais ponderada, atribui a uma actividade geológica intensa as bizarras formações geológicas que podemos observar na superfície de Miranda. Contudo, para explicar tal actividade e dadas as dimensões reduzidas do satélite, teriam sido precisas temperaturas internas muito superiores às actuais, que fossem geradas por forças de maré (a atracção e repulsão criada pela presença de Úrano) que não as exercidas actualmente dada a órbita de Miranda… Um mistério.
(*) À escala da Terra isso corresponderia a uma escarpa com um desnível de 135 km, 17 vezes a altitude do Evereste…
A outra explicação, posterior e mais ponderada, atribui a uma actividade geológica intensa as bizarras formações geológicas que podemos observar na superfície de Miranda. Contudo, para explicar tal actividade e dadas as dimensões reduzidas do satélite, teriam sido precisas temperaturas internas muito superiores às actuais, que fossem geradas por forças de maré (a atracção e repulsão criada pela presença de Úrano) que não as exercidas actualmente dada a órbita de Miranda… Um mistério.
(*) À escala da Terra isso corresponderia a uma escarpa com um desnível de 135 km, 17 vezes a altitude do Evereste…
Gostei de saber. Não conhecia e está completamente a propósito. Estamos no Ano Internacional da Astronomia....
ResponderEliminarObrigada.
Mais uma daquelas vezes que valeu a pena passar por aqui.
ResponderEliminarObrigado eu, por esses comentários.
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