01 novembro 2009

A MORTE EM DIRECTO DE RICARDO PALETTI

As imagens do vídeo acima são rigorosamente as imagens que foram transmitidas na tarde de Junho de 1982 em que a RTP fazia uma ligação à Eurovisão para transmitir o Grande Prémio do Canadá de Fórmula 1. Os comentários são completamente diferentes. Naquele dia houve (mais) um problema nas ligações telefónicas e, como não se podiam ouvir os comentários de Adriano Cerqueira, o tradicional comentador da Fórmula 1 que estava no local, perante a gravidade do que se estava a ver, improvisou-se, com a adição ad-hoc dos comentários do jornalista desportivo de serviço: Manuel Freire. Manuel Freire – que veio a ser parodiado na Informação 3 do Tal Canal através da figura de Manuel Cavaco a fazer de Manuel Freio – era um jornalista desportivo muito visto nos ecrãs por aquela altura e que se caracterizava pela sua atitude assertiva de quem levava as coisas muito a sério. O problema é que não percebia raspas de Formula 1… E foi assim que o auditório da RTP – composto naquele momento por uma esmagadora maioria de adeptos (conhecedores) da modalidade – foi brindado com um bom quarto de hora repleto de trivialidades e de disparates ditos com a voz mais séria e assertiva deste mundo
Pior do que o facto de Manuel Freire nem sequer conseguir identificar pelas imagens quem era o piloto sinistrado, o que era difícil devido ao facto de se tratar de um novato, percebia-se pela sua conversa que ele nem sequer conheceria mais de meia dúzia de nomes de pilotos (entre eles, alguns já retirados…) e identificar os ainda activos pelas imagens em directo estava muito para além das suas capacidades. Entre os disparates proferidos, recordo de memória esta ideia: …ser piloto de Formula 1 é muito perigoso e é por isso que se está a tornar cada vez mais difícil recrutar novos pilotos para a modalidade… Passado aquele embaraçoso quarto de hora (não sei se o foi para quem comentava, mas foi-o certamente para quem escutava os comentários…), Adriano Cerqueira lá apareceu em off a compor a situação, mas se agora recordo este episódio é para me maravilhar como o aparecimento na televisão de um jornalista visivelmente ignorante sobre o assunto de que falava me conseguiu marcar deste modo. Hoje, passados 27 anos, o Mundo (e eu) já teremos dado tantas voltas que creio que serão os aparecimentos na televisão de jornalistas solidamente informados os mais passíveis de me marcar

2 comentários:

  1. Lembro-me de um caso semelhante (paralelo, comparável, metafórico?).
    Há uns anos, num jogo de snooker transmitido no Eurosport, em vez do comentador habitual, puseram o Orlando Dias Agudo! Ele tanto não percebe do jogo como não sabe o que é um snooker. Quando esta situação aconteceu, limitou-se a dizer que o jogador ficou «entalado»!
    Só no decurso do jogo se foi apercebendo que se deve embolsar uma vermelha e, depois, uma de cor que volta à sua posição inicial.
    Quanto a este acidente de F1, também me lembro dele e do aperto em que o locutor nos deixava.
    Enfim, cada um sabe do que sabe.

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  2. Pelos vistos, na televisão não aplica aquele ditado popular que estabelece que a palavra pode ser de prata mas o silêncio é de ouro.

    No caso que referiu e no que referi a palavra parece ter sido mesmo de latão...

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