Nova Iorque 1997 é um filme de John Carpenter, escrito em 1976 e filmado em 1981, quando 1997 era ainda uma data longínqua. Nesse cenário futurista, Nova Iorque transformara-se numa gigantesca prisão onde se criara uma sociedade auto-regulada dentro de muros e onde, acidentalmente, se veio a despenhar o avião do presidente dos Estados Unidos. O resto da história não nos interessa para a continuação deste poste, mas o que quero destacar é a ideia implícita naquele enredo onde, mesmo que o Estado tivesse abdicado dos seus direitos de regular detalhadamente o modo de vida dos seus marginais, remetendo-os para um gueto, estes permaneciam num patamar tecnológico controlado, já que não conseguiam interferir com o que se passava no seu espaço aéreo.
Quando rebeldes ao poder estabelecido se mostram capazes de interferir em áreas que até então lhes haviam sido interditas, como é o caso do espaço aéreo, o acontecimento tem um impacto significativo na percepção da ameaça que eles passam a representar. Aconteceu em 1973, na Guiné portuguesa, quando o PAIGC, recorrendo aos mísseis SA-7, se mostrou capaz de poder abater qualquer aeronave da Força Aérea portuguesa, aconteceu em 1978, na Rodésia, quando a ZAPU, recorrendo à mesma arma, se mostrou ser capaz de interromper o tráfego aéreo civil (acima) sobre o país (o actual Zimbabué), e voltou a acontecer em 2009, quando os traficantes de uma favela do Rio de Janeiro, recorrendo a metralhadoras pesadas, abateram um helicóptero da Polícia Militar que os sobrevoava.
Convém esclarecer que qualquer dos episódios teve e tem muito mais importância mediática do que militar. Em qualquer dos casos passados, os flagelados passam a adoptar tácticas de voo e contra medidas para que as aeronaves se evadissem ao fogo anti-aéreo. A aviação militar rodesiana já não foi apanhada de surpresa como o fora a portuguesa e foi por isso que a ZAPU teve que atacar a aviação civil. Da mesma maneira, a Polícia Militar brasileira terá que reagir à ameaça, adoptando novas tácticas de voo, que até já são conhecidas de há muito. Mas terá os seus custos políticos, se a sua frota aérea tiver de passar a operar em grupo, com unidades especializadas em reconhecimento e em ataque ao solo, conforme acontece na famosa cena da Cavalgada das Valquírias do Apocalypse Now…
Quando rebeldes ao poder estabelecido se mostram capazes de interferir em áreas que até então lhes haviam sido interditas, como é o caso do espaço aéreo, o acontecimento tem um impacto significativo na percepção da ameaça que eles passam a representar. Aconteceu em 1973, na Guiné portuguesa, quando o PAIGC, recorrendo aos mísseis SA-7, se mostrou capaz de poder abater qualquer aeronave da Força Aérea portuguesa, aconteceu em 1978, na Rodésia, quando a ZAPU, recorrendo à mesma arma, se mostrou ser capaz de interromper o tráfego aéreo civil (acima) sobre o país (o actual Zimbabué), e voltou a acontecer em 2009, quando os traficantes de uma favela do Rio de Janeiro, recorrendo a metralhadoras pesadas, abateram um helicóptero da Polícia Militar que os sobrevoava.
Convém esclarecer que qualquer dos episódios teve e tem muito mais importância mediática do que militar. Em qualquer dos casos passados, os flagelados passam a adoptar tácticas de voo e contra medidas para que as aeronaves se evadissem ao fogo anti-aéreo. A aviação militar rodesiana já não foi apanhada de surpresa como o fora a portuguesa e foi por isso que a ZAPU teve que atacar a aviação civil. Da mesma maneira, a Polícia Militar brasileira terá que reagir à ameaça, adoptando novas tácticas de voo, que até já são conhecidas de há muito. Mas terá os seus custos políticos, se a sua frota aérea tiver de passar a operar em grupo, com unidades especializadas em reconhecimento e em ataque ao solo, conforme acontece na famosa cena da Cavalgada das Valquírias do Apocalypse Now…
Há uma guerra aberta nas grandes metrópoles do Brasil. Uma guerra não declarada oficialmente e que,em vez de disputar o poder, luta por território, por mais espaço onde possa admnistrar a sua lei. Nas mãos dos senhores da guerra em África ou dos traficantes de droga no Rio a guerra pelo espaço decorre há muito tempo. Já não é política nem sequer de reivindicação social. É uma guerra aberta entre o crime e o poder instituído. Entre o renascer da lei da selva e o declínio do Estado de Direito. "Black Hawk Down", Tropa de Elite", "Cidade de Deus". E como diria o Laurodérmio: "and so yon, and so yon..."
ResponderEliminarA diferença da situação no Brasil será uma questão de visibilidade por causas que seria exaustivo aqui explicar, mas não de substância.
ResponderEliminarO racket (a protecção paga pelos comerciantes) não tem nada de origem luso-brasileira, já existia há quase 100 anos nos Estados Unidos, ainda existe hoje em dia, e é um exemplo claro de desafio ao Estado de Direito, que se mostra incapaz de fornecer um bem tão elementar quanto a segurança aos seus cidadãos...
Artur, queres acrescenter alguns filmes de gangsters aqui ao rol, sff?