O livro Teoria e Prática da Contra-Insurreição (abaixo) é um excelente livro, e vem acompanhado de uma história que está repleta de pormenores interessantes. Estes começam pelo facto da versão que li ser a tradução francesa de um original em inglês que se intitula Counterinsurgency Warfare, Theory and Practice. Desde 1964, data da edição original que o livro foi adoptado como um dos essenciais sobre aquele tema no Command and General Staff College norte-americano (onde ainda hoje é uma leitura do programa), conforme se pode ler no prefácio, que é assinado pelo conhecido General David H. Petraeus.
Tudo isto seria interessante mas não seria bizarro, não se desse o caso de David Galula (1919-1968), o autor do livro, ser um oficial… francês. Mas Galula também não era um daqueles franceses apreciados pela fracção da França tradicional, predominante entre as elites. De origem judaica, nascido na Tunísia e tendo passado a juventude em Marrocos, intelectualmente brilhante, David Galula terá tido por causa de tudo isso uma carreira militar acidentada (em 1941 chegou a ser expulso do exército por ser judeu), até se decidir a pôr-lhe termo em 1962, tendo então obtido uma colocação na Universidade de Harvard.
Salvaguardando as poucas referências sobre o mesmo tema com as quais o possa comparar, este Manual surpreende-nos pela lucidez das análises e pela sua objectividade nos propósitos. Surpreende-me também que David Galula não seja autor conhecido entre nós(*) que também temos a nossa história sobre o assunto. Surpreendeu-me sobretudo pelo ano de edição, antes da escalada da Guerra do Vietname, reforçando-me a ideia que, também na Guerra, o segredo do sucesso não passa por ter grandes ideias mas por conseguir implementar as que se têm com sucesso. O que é uma adaptação do que disse Almada Negreiros:
Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa – salvar a humanidade.
(*) Consultei uma fonte reputada no assunto.
Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa – salvar a humanidade.
(*) Consultei uma fonte reputada no assunto.
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