15 outubro 2009

A RETRACÇÃO E A “EXPANSÃO” DO PACTO DE VARSÓVIA

Ainda a propósito da grande cisão sino-soviética, vale a pena relembrar mais um daqueles pequenos aspectos a ela associados, a evolução que a composição do Pacto de Varsóvia sofreu e esteve quase a sofrer por causa dela. Tratando-se de uma Aliança Militar que fora constituída em Maio de 1955 (acima), com a participação original da Albânia, Alemanha Democrática, Bulgária, Checoslováquia, Hungria, Polónia, Roménia e União Soviética, era uma estrutura que estava naturalmente vocacionada para o teatro europeu (abaixo).
Com a adesão do Partido Comunista Albanês (abaixo) às teses chinesas no seu IV Congresso de Fevereiro de 1961, a retaliação soviética veio a exprimir-se quase de imediato através do bloqueio da admissão da delegação albanesa à reunião do Pacto de Varsóvia que teve lugar em Agosto de 1961. Para todos os efeitos práticos a Albânia foi expulsa do Pacto, muito embora o reconhecimento do facto só viesse a ter lugar, rodeado de imenso folclore ideológico, em Setembro de 1968. E mais nenhum partido irmão se dispôs a seguir o exemplo albanês...
Mas, apesar dessa demonstração de força, dentro do Pacto de Varsóvia reinava um equilíbrio mais precário do que aquilo que os norte-americanos estavam dispostos a propagandear e os soviéticos dispostos a reconhecer. Passados dois anos, consumada a ruptura sino-soviética às claras, os soviéticos mostravam-se dispostos a acolher a Mongólia como novo membro do Pacto de Varsóvia. Só que, entalada geograficamente entre a China e a União Soviética, a sua admissão mudaria o propósito original (anti-capitalista) do Pacto...
A Mongólia, país continental (ver mapa acima), só poderia ter como país agressor um dos dois com quem fazia fronteira: a União Soviética, com quem pretendia firmar um Pacto de defesa, e a China… E aí assistiu-se, na reunião do Pacto de Varsóvia de Julho de 1963, a polacos e romenos a demarcarem-se frontalmente da intenção soviética, no limiar da dissidência política que as circunstâncias então permitiam. A própria Mongólia resolveu suspender o seu pedido de adesão até as condições se mostrarem mais favoráveis: ou seja, nunca mais…
Vale a pena recordar este episódio, que comprova a determinação polaca e romena em não passar cheques em branco à superpotência do seu bloco e aos seus interesses no Extremo Oriente. Uma prova que, independentemente dos regimes políticos que possam reger os seus membros (comunistas ou capitalistas), as regras que norteiam a coesão destas Alianças militares são afectadas pelos limites dos interesses próprios dos membros. Uma lição que se deve tomar em consideração na avaliação da actual situação da NATO no Afeganistão…

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