17 outubro 2009

ALBÂNIA, A VANGUARDA DO SOCIALISMO

Não deixa de ser um enorme paradoxo que só depois do fim do socialismo e com o triunfo do capitalismo global (a tão celebrada e criticada globalização) é que eu tivesse tido oportunidade de assistir a alguns dos momentos mais memoráveis de celebração do verdadeiro socialismo de vanguarda, também designado modelo albanês, de que a UDP (União Democrática Popular) tanto nos falava elogiosamente no tempo do PREC.
Prosaicamente retirado dessa expressão do capitalismo internacional selvagem que dá pelo nome de You Tube, pode ver-se acima a primeira parte de um vídeo de cerca de hora e meia que se percebe ter sido dedicado tanto aos guerreiros da revolução como também ao 5º Congresso do Partido Comunista da Albânia que teve lugar em 1966. Na minha opinião, o melhor vídeo é o último da série, o da sessão de encerramento
Embora não perceba albanês, creio já ter adquirido experiência suficiente a ver documentários deste género para ter uma ideia do conteúdo... E, sinceramente, não só não lhes reconheço mérito quando comparado com o que então era cá produzido (acima, para comparação, o vídeo da inauguração da Ponte Salazar também de 1966), como até penso que, em documentários de propaganda, a vantagem seria portuguesa(*).
Visto a esta distância é impossível não passar um atestado de menoridade mental ou então questionar a honestidade intelectual de todos aqueles entusiastas da UDP que, nos tempos do PREC, terão sido brindados com estas sessões de propaganda e, mesmo assim, continuavam a afirmar-se crentes nas soluções (acima) que eram propostas para as tais sociedades ideais, anti-capitalistas, anti-revisionistas e anti-outras-coisas-mais...
Escolhi terminar com um vídeo das celebrações do 1º de Maio de 1971 em Tirana. Luís Fazenda(**) ia então fazer 14 anos... Em Junho do ano anterior a Albânia resolvera abrir-se ao turismo mas limitado apenas aos cidadãos da Alemanha Democrática. Mas como o programa turístico incluía a participação obrigatória na campanha da colheita de batata, o período de inscrições aberto em Berlim terminou sem que aparecesse algum interessado…
(*) Contudo, como só a verdade é revolucionária, há que constatar que o camarada Enver Hodja tinha muito mais jeito para discursar do que o nosso almirante Américo Tomás...
(**) Luís Fazenda é o dirigente mais destacado da facção herdeira da UDP dentro do Bloco de Esquerda.

4 comentários:

  1. Ha ha, com que então não fala albanês! Eu sabia que havia de lhe apanhar o ponto fraco. E agora que recuperei a capacidade de me exprimir informaticamente, estarei atento a qualquer outro deslize...

    Quanto ao conteúdo do seu artigo, suscita-me tantos comentários (pela diversidade dos assuntos) que me parece prudente não fazer nenhum - paradoxo razoável, penso eu.

    Com os meus cumprimentos.

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  2. Aqui há anos, numa entrevista com antigos maoístas agora "arrependidos", salvo erro no Público, surgia uma passagem em que Esther Mucznik, que militava julgo eu que na UDP, confessava que nos anos setenta tinha ido 3 vezes à Albânia, mas que só na 2ª é que começou a desconfiar que aquilo não era o paraíso na terra, e à 3ª convenceu-se de vez. Pergunto-me é o que teria visto na primeira viagem para querer voltar.

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  3. Mantenha-se informaticamente atento como até aqui, António Marques Pinto, que me vai apanhar, ha, ha, ha, em muitos mais pontos fracos!

    De todos aqueles partidos "irmãos" com quem o PCP costumava trocar "saudações fraternas" não falo húngaro, mongol, vietnamita, lao,... enfim, quem sou eu comparado com o "internacionalismo proletário"?

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  4. Não sei que lhe dizer, João Pedro.

    Talvez que o segredo não estivesse na Albânia, mas sim nela, numa sua predisposição inculcada na infância, conjuntamente com a religião, para ver em tudo "terras prometidas"?

    Mas depois passou-lhe. Afinal, apesar do valor para a propaganda israelita, ser-se kibbutznik não é propriamente um modo de vida muito popular em Israel...

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