05 outubro 2009

MEN IN BLACK

É hoje opinião aceite que a anormalmente longa carreira no cargo de Director do FBI de John Edgar Hoover (1895-1972) se terá devido às informações que ele cautelosamente tivera o cuidado de acumular sobre segredos dos presidentes sob os quais serviu. De facto, Hoover permaneceu por uns impressionantes 37 anos (entre 1935 e 1972) à frente da famosa organização, tendo despachado com seis presidentes (Roosevelt, Truman, Eisenhower, Kennedy, Jonhson e Nixon) e só veio a ser substituído naquele cargo depois da sua morte…
Não sobreviveu a documentação sobre as informações que Hoover pudesse ter sobre os seus chefes, mas sobreviveu documentação mostrando que tanto Truman, como Kennedy e Johnson ponderaram a hipótese de afastá-lo do cargo, o que foi algo que nunca se concretizou… E, nem de propósito, para reconfirmar a capacidade do poder político destrutivo à disposição do FBI, em 2005 veio a revelar-se que Garganta Funda, a lendária fonte por detrás da investigação do Caso Watergate, fora um Vice-Director do FBI despeitado - Mark Felt (abaixo).
Mas, se falei destes Men in Black, foi como introdução para falar de outros Homens de Negro, os da política portuguesa, com a mesma cor mas não propriamente com a mesma actividade. E vale a pena referir que uma das grandes surpresas que tive quando li o segundo volume das Memórias Políticas de Freitas do Amaral (1976-82) foi, a par da ausência de qualquer referência a Lucas Pires, o generoso elogio prestado à pessoa do antigo tesoureiro do CDS, Abel Pinheiro, pessoa que pareceu ter-se mantido no activo muito depois daquele período.
Se refiro os estranhos encómios de uma pessoa com a reputação protegida como Freitas do Amaral a Abel Pinheiro, pessoa que, paradoxalmente, se viu associada a episódios não muito claros de financiamentos ao mesmo partido, é apenas para mostrar como estes Homens de Negro podem estar associados aos políticos mais insuspeitos. No caso concreto de Abel Pinheiro, parecem juntar-se outros traços de carácter menos agradáveis, comprováveis com o episódio em que ele tentou conspurcar publicamente José Pacheco Pereira numa entrevista no Expresso.
Felizmente para José Pacheco Pereira, creio que será preciso muito mais que elogios de Freitas do Amaral para limpar as reputações dos Homens de Preto depois de terem sido identificados como tal, e as acusações de Abel Pinheiro acabaram por cair em saco roto. Mas, infelizmente para o mesmo José Pacheco Pereira, também seria preciso que tivesse havido denúncia equivalente entre as suas hostes a um outro Homem de Negro como António Preto (abaixo), em vez de atribuir as culpas do descalabro eleitoral do PSD aos Men in Black, os originais

1 comentário:

  1. Não li ainda esse tomo das Memórias de Freitas, mas dei-lhe uma vista de olhos e também fiquei surpreendido com o tom amistoso com que fala de Avelino Ferreira Torres, mais lá para o fim.

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