11 outubro 2009

APESAR DE VOCÊ...

Hoje você é quem manda
Falou, ´tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando p´ro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.

(Coro) Apesar de você
amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar.


Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro.

Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
de
desinventar
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar.

(Coro) Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago p´ra ver
O jardim florescer
Qual você não queria.

Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença.

E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
antes do que você pensa
Apesar de você.

(Coro) Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia.


Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você.

(Coro) Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai se dar mal, etc. e tal,
La, laiá, la laiá, la laiá?


Longe vai o tempo em que o Apesar de você… tinha a limpidez de se aplicar aos ditadores e às ditaduras… Aos maus. Nestes novos tempos o você será muito mais subtil e aplicar-se-á aos resultados perversos do voto popular (acima). Mas não nos surpreendamos que, em consequência desse desperdício, as novas gerações, que nunca precisaram do voto para escorraçar os velhos vocês, se tornem indiferentes à utilização e preservação desse direito de voto, quando constatam que o resultado pode resultar em eleger estes novos vocês

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