O título deste poste é, assumidamente, semi-verdadeiro: há nostalgia, mas não propriamente pela série de televisão que, com a designação de M*A*S*H, passou na televisão portuguesa nos finais da década de 70 ou nos princípios da de 80, não consigo precisar. As minhas recordações mais vincadas de MASH (sem os sinaizinhos intermédios) referem-se ao filme original de 1970 de Robert Altman, que me lembro de ter visto muito antes disso, em data incerta na primeira metade da década.
Para quem não conheça ou se lembre da série, MASH é o acrónimo da designação Mobile Army Surgical Hospital (Hospital Cirúrgico Móvel do Exército). O da história é o nº 4077 e o seu lema é Best Care Anywhere... (Melhor tratamento noutro sítio...) A acção decorre num hospital de campanha durante a Guerra da Coreia (1950-53) mas o tom geral é de paródia embora ele possa ser neutralizado por momentos de tensão com a chegada dos feridos da frente de combate. Mas aquilo que mais me impressionou desde o princípio foi o transporte desses mesmos feridos…
Os próprios genéricos, tanto do filme como da série, começam precisamente por aí, pela chegada dos helicópteros Bell-47 de evacuação médica, que parecem tão frágeis e são tão pequenos que as macas com os feridos tinham de ser transportadas fora da cabine do aparelho. Não devo ter sido o único a especular o susto por que passariam os feridos em geral ou como um ferido desmaiado que acordasse a meio do transporte e se visse ao ar livre a uns 300 metros de altitude sujeitaria a sua função cardíaca a uma prova severa…
A história da história audiovisual de MASH é um exemplo que contribui para a tese que defende que as probabilidades de sucesso de uma história têm que ser avaliadas sociologicamente porque dependem da disposição da sociedade em aceitar os temas que tratam. O filme MASH, quando foi lançado em 1970, foi aclamado pelos círculos intelectuais franceses (ganhou a palma de ouro do festival de Cannes nesse ano), interpretando-o como uma crítica em forma de paródia à Guerra do Vietname que então se travava.
Nos Estados Unidos o filme teve um sucesso muito moderado mas, mesmo assim, decidiu-se fazer uma série de televisão com base nas mesmas personagens – que pertenciam originalmente a uma novela cómica que havia sido publicada em 1968, escrita precisamente por um cirurgião militar que estivera na Coreia. A série começou a ser transmitida em 1972, embora alguns traços de algumas personagens tenham sido alterados em relação aos originais (Frank Burns, Hot Lips...), tendo em atenção o auditório mais abrangente de uma série televisiva.
Em 1972, Richard Nixon havia sido reeleito e, como prometera, as forças combatentes norte-americanas haviam sido retiradas do Vietname. A série manteve-se no ar, 1975 foi o ano da derrota final em Saigão, e deu-se um fenómeno curioso: quanto mais tempo passava e se esqueciam os traumas da Guerra do Vietname, mais a série M*A*S*H parecia ganhar em popularidade. É nessa nova fase que a série é reexportada para o estrangeiro, nomeadamente Portugal, onde – não sendo uma novidade – teve um sucesso muito moderado.
A esta distância dá para perceber quanto o tema marcava apenas pela novidade. Perdido esse efeito, a história até se pode considerar banal. Mas, quando a série terminou nos Estados Unidos, em 1983, parecia estar no auge da popularidade: o seu último episódio registou uma audiência que ainda hoje o faz o recordista de audiências televisivas para séries de televisão. Um dos paradoxos mais engraçados desta série é que, na TV, ela esteve no ar durante 11 anos (1972-83) embora a Guerra da Coreia, onde ela se inspirou, tenha durado apenas 3 (1950-53)…
A história da história audiovisual de MASH é um exemplo que contribui para a tese que defende que as probabilidades de sucesso de uma história têm que ser avaliadas sociologicamente porque dependem da disposição da sociedade em aceitar os temas que tratam. O filme MASH, quando foi lançado em 1970, foi aclamado pelos círculos intelectuais franceses (ganhou a palma de ouro do festival de Cannes nesse ano), interpretando-o como uma crítica em forma de paródia à Guerra do Vietname que então se travava.
Nos Estados Unidos o filme teve um sucesso muito moderado mas, mesmo assim, decidiu-se fazer uma série de televisão com base nas mesmas personagens – que pertenciam originalmente a uma novela cómica que havia sido publicada em 1968, escrita precisamente por um cirurgião militar que estivera na Coreia. A série começou a ser transmitida em 1972, embora alguns traços de algumas personagens tenham sido alterados em relação aos originais (Frank Burns, Hot Lips...), tendo em atenção o auditório mais abrangente de uma série televisiva.
Em 1972, Richard Nixon havia sido reeleito e, como prometera, as forças combatentes norte-americanas haviam sido retiradas do Vietname. A série manteve-se no ar, 1975 foi o ano da derrota final em Saigão, e deu-se um fenómeno curioso: quanto mais tempo passava e se esqueciam os traumas da Guerra do Vietname, mais a série M*A*S*H parecia ganhar em popularidade. É nessa nova fase que a série é reexportada para o estrangeiro, nomeadamente Portugal, onde – não sendo uma novidade – teve um sucesso muito moderado.
A esta distância dá para perceber quanto o tema marcava apenas pela novidade. Perdido esse efeito, a história até se pode considerar banal. Mas, quando a série terminou nos Estados Unidos, em 1983, parecia estar no auge da popularidade: o seu último episódio registou uma audiência que ainda hoje o faz o recordista de audiências televisivas para séries de televisão. Um dos paradoxos mais engraçados desta série é que, na TV, ela esteve no ar durante 11 anos (1972-83) embora a Guerra da Coreia, onde ela se inspirou, tenha durado apenas 3 (1950-53)…
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