23 maio 2007

DO PLÁGIO

Segundo a definição que ouvi a Alfred Hitchcock, o crime perfeito é aquele que está a ser cometido agora e de quem ninguém ouvirá falar. A discrição é o atributo que faz a perfeição do crime. E um dos crimes mais cometidos – e que estará a ser cometido agora em inúmeros lugares por esse mundo fora – é o do plágio. Nos jornais, de onde extrairei a notícia que dá corpo a este poste, ele é pão com manteiga de qualquer provedor do leitor que queira mostrar independência, investigar as denúncias de leitores sobre as origens plagiadas de matérias ali publicadas porque parece que é coisa quase garantida: cada cavadela dá minhoca!
A notícia que acima sugeri, vem no Diário de Notícias de hoje e é, obviamente, sobre plágios. Mas doutros e de outros. Dos Gato Fedorento, de quem se parece ter descoberto agora que copiaram descaradamente o genérico do seu programa actual da RTP1 de um velho clip de um cantor francês dos anos 60 chamado Claude François. O facto é, também descaradamente, assumido por Zé Diogo Quintela quando interrogado pelo jornal a esse respeito. Lida a notícia, não lhes fica lá muito bem o expediente esperto de mudar ligeiramente a música para se evadirem ao pagamento de direitos, nem a omissão à fonte de inspiração no genérico…

Mas, de resto, não se percebe muito bem o que se pretende espremer adicionalmente do assunto a partir dali, mencionando que certos fãs do programa criticam agora os Gato Fedorento. Eu não sou fã e também os critico: o programa de Domingo passado esteve uns furos abaixo das minhas expectativas…Na verdade, é um pouco difícil descobrir a relevância da notícia não fosse a popularidade dos Gato Fedorento. Como aconteceu, lembremo-nos de outro exemplo, com as inúmeras notícias a respeito dos outros potenciais autores originais do Código da Vinci com quem o autor Dan Brown teve de se defrontar em tribunal…
Como uns verdadeiros úberes de vaca leiteira, potencialmente ricas no sentido próprio ou no figurado de fontes de notícia, a notoriedade destes plágios parece que têm muito mais a ver com a identidade dos potenciais (ou confessos) plagiadores do que com a gravidade do plágio em si. É como a fotografia das tetas de vaca que escolhi para ilustrar este poste numa simples alusão simbólica à capacidade de mugir assunto ou dinheiro em condições potencialmente remuneradoras e da qual confesso desconhecer completamente as condições de propriedade intelectual… Houvesse interesses a sério em jogo e seria imediatamente acusado de embelezar o blogue com umas tetas que não me pertenciam…

*Uma pequena notinha para (a falta d)o rigor da notícia, que poderia ter sido superada facilmente com uma consulta rápida a uma fonte tradicional dos plágios jornalísticos, a Wikipedia: o cantor em questão tornou-se famoso nos anos 60 e não nos 50 como, certamente por lapso, a notícia refere…

2 comentários:

  1. Então, já agora uma pequena notinha também para aqui: A música original é "The three blind mice" de autor desconhecido do sec. XVI, livre de direitos e é cantada pelas crianças inglesas! Fontes:(http://www.rhymes.org.uk/three_blind_mice.htm).
    (http://www.bussongs.com/songs/3_blind_mice_short.php

    ResponderEliminar
  2. Eu agradeceria o esclarecimento não fosse o preâmbulo assertivo e infeliz do “Então, já agora…”

    Reutilizando-o, então, já agora, porque é que os Gato Fedorento não esclareceram logo que a canção se encontra livre de direitos? Será porque não sabiam? E a dança yé-yé também data do Século XVI, livre de direitos? E o anónimo terá percebido que, do conteúdo do poste se conclui que considero a polémica quanto ao plágio descabida? Então, já agora, vá lá lê-lo, outra vez!

    ResponderEliminar