12 maio 2007

DE GLOBALIZAÇÃO CALÇADA

Parece-me já ter passado o ponto alto dos pensadores arautos da irreversibilidade da globalização e de como ela era real. Dominante no discurso, como o da irreversibilidade das nacionalizações, constante da Constituição da República Portuguesa de 1976, que nos conduzia inexoráveis em direcção ao socialismo, a irreversibilidade da globalização já não é um slogan inovador que granjeie louros a quem o mencione.

Confesso que sempre me apeteceu mandar os que proferiam tal slogan a deixar-se de se armarem em visionários, e que olhassem para os próprios pés e, fazendo-se úteis, dessem uma pista por onde se poderia começar a harmonização dos números do calçado, cuja trapalhada pode ser apreciada numa enorme tabela de conversão entre medidas de calçado nos sistemas europeu, britânico, australiano, mexicano, norte-americano e canadiano, japonês, coreano e russo…

A necessidade de uma qualquer tabela complexa como aquela – e há muitas outras sobre muito outros assuntos… – são as provas do quão longe estamos da harmonização mundial e, consequentemente, quanto do discurso da globalização era apenas um slogan político em defesa do liberalismo económico e não uma verdadeira realidade… Veremos quanto tempo estará para durar.

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