Quando vejo opiniões de evidente cunho retrógrado a propósito da língua portuguesa dá-me ganas de mandar os autores de tais textos para as evidências do passado, quando o antepassado da sua diamantina língua portuguesa não passava de um crioulo reles de latim… Depois disso, muitos milhões, ao longo de sucessivas gerações, usaram diversas versões dela, enquanto umas poucas centenas se encarregavam de criar e modificar uma versão central escrita que constituísse a referência das diferentes formas de falar.
É que os rigorosos mais intolerantes, que se insurgem contra a invasão dos galicismos ou anglicismos (apresentando aquelas sugestões petulantes de substituir a expressão abat-jour, correntemente usada, pelo puríssimo quebra luz, que tem o notável inconveniente de quase ninguém empregar…) deviam ser mandados em máquinas do tempo para o passado, para travar as suas batalhas no período compreendido entre o Século VIII e o XIII, quando o nosso idioma ficou cravejado de arabismos estrangeiros…
Mas esta enorme introdução, que serve para me distanciar de uma certa forma que considero caduca de tratar o problema da evolução da língua, destina-se sobretudo a denunciar uma outra postura, configurada na colossal imbecilidade anunciada pela notícia de jornal que nos deu conta que, numa das partes das provas nacionais de língua portuguesa para os 4º e 6º anos recentemente realizadas, os professores foram instruídos que os erros de construção gráfica, grafia ou de uso de convenções gráficas (ou seja, as calinadas) não fossem considerados…
Haverá métodos legítimos de forçar a obtenção de melhores resultados em exames nacionais. Não me pronuncio sobre a legitimidade deste, mas faço-o sobre a sua consistência: não tem. Ou se sabe escrever correctamente, ou não se sabe – é senso comum e não depende do grupo de respostas da prova. Utilizando a famosa buzzword da actividade pedagógica, há competências que não são compartimentáveis. Por exemplo, usando a mesma palavra mas no seu sentido tradicional, terei grandes dificuldades em classificar os autores desta decisão como competentes…
Mas que tudo isto não faça esquecer muitas outras imbecilidades a respeito de exames que se escreveram a este respeito no passado, como, por exemplo, isto…
Nota: Um agradecimento especial ao Pedro Freitas a quem fui buscar esta, para mim muito significativa, fotografia de uma nota de correcção a um teste de português feita pelo Menau…
É que os rigorosos mais intolerantes, que se insurgem contra a invasão dos galicismos ou anglicismos (apresentando aquelas sugestões petulantes de substituir a expressão abat-jour, correntemente usada, pelo puríssimo quebra luz, que tem o notável inconveniente de quase ninguém empregar…) deviam ser mandados em máquinas do tempo para o passado, para travar as suas batalhas no período compreendido entre o Século VIII e o XIII, quando o nosso idioma ficou cravejado de arabismos estrangeiros…
Mas esta enorme introdução, que serve para me distanciar de uma certa forma que considero caduca de tratar o problema da evolução da língua, destina-se sobretudo a denunciar uma outra postura, configurada na colossal imbecilidade anunciada pela notícia de jornal que nos deu conta que, numa das partes das provas nacionais de língua portuguesa para os 4º e 6º anos recentemente realizadas, os professores foram instruídos que os erros de construção gráfica, grafia ou de uso de convenções gráficas (ou seja, as calinadas) não fossem considerados…
Haverá métodos legítimos de forçar a obtenção de melhores resultados em exames nacionais. Não me pronuncio sobre a legitimidade deste, mas faço-o sobre a sua consistência: não tem. Ou se sabe escrever correctamente, ou não se sabe – é senso comum e não depende do grupo de respostas da prova. Utilizando a famosa buzzword da actividade pedagógica, há competências que não são compartimentáveis. Por exemplo, usando a mesma palavra mas no seu sentido tradicional, terei grandes dificuldades em classificar os autores desta decisão como competentes…
Mas que tudo isto não faça esquecer muitas outras imbecilidades a respeito de exames que se escreveram a este respeito no passado, como, por exemplo, isto…
Nota: Um agradecimento especial ao Pedro Freitas a quem fui buscar esta, para mim muito significativa, fotografia de uma nota de correcção a um teste de português feita pelo Menau…
Atenção que eu não sou este
ResponderEliminarhttp://herdeirodeaecio.blogspot.com/2007/03/o-desportivo-o-sbio-e-o-srio.html
just in case
importance low