31 janeiro 2024

UM EXERCÍCIO RIDÍCULO DE «NAME DROPPING» PARA OS PROBLEMAS DA SAÚDE, POR PARTE DOS SOCIALISTAS

Desengane-se quem esperar uma discussão séria sobre os problemas da Saúde no quadro da campanha eleitoral que aí vem. Da parte dos socialistas, de quem se poderia pedir alguma seriedade na discussão do tema, tendo em atenção que ocuparam a pasta durante estes últimos oito anos, aquilo a que se pode ter direito é a um exercício imbecil daquilo que, em inglês, se denomina por «name dropping», um debitar de nomes de pessoas consideradas conhecedoras do tema (acima). Detenhamo-nos então em comentar cada um dos sete nomes brandidos acima... e nos outros, que lá deviam estar e não estão. Às duas primeiras personalidades, Daniel Sampaio e Eduardo Barroso, não me lembro de lhes ter ouvido reflexões de fundo sobre questões de Saúde, creio que a sua projecção mediática não se consegue dissociar muito dos seus laços de parentesco, o facto de serem o irmão de Jorge Sampaio e o sobrinho de Mário Soares. Sobre este último, serão muito mais conhecidas as suas opiniões sobre o Sporting... Em contraste, não lhe conheço a família e a Álvaro Beleza ouvi-lhe reflexões (e também ambições) sobre a Saúde... mas também sobre imensas outras coisas, lembremo-no, num desses momentos em que se dedicou ao tema da Saúde, a contracenar com Miguel Guimarães a destacar-se por uma afirmação bombástica: «Num hospital há mais administradores do que no grupo Sonae. Não faz sentido». Não é verdade e aquela comparação é que não faz sentido, porque, se fizesse, valer-lhe-ia a pena ter rematado que num hospital não costuma ser o filho do presidente do conselho de administração a suceder ao pai... Contudo, quanto às últimas quatro personalidades participantes, Graça Freitas, Francisco George, Correia de Campos e Constantino Sakellarides, não vejo quaisquer dúvidas quanto à relevância das suas opiniões e ao valor dos seus contributos sobre o tema. O problema é que o seu tempo já terá passado: a média de idades dos quatro é de 76 anos, muito para lá da aposentadoria. Acredito que tivessem opiniões mas terão deixado passar o tempo de as pôr em prática, ou então, se as puseram, os resultados não serão concludentes, tomando em consideração a opinião geral sobre o estado da Saúde em Portugal. Em contraste, o que é estranho naquele elenco acima são as ausências dos anteriores ministros e secretários de Estado da pasta nos últimos anos de governação socialista: como serão os casos de Adalberto Campos Fernandes (65 anos e que adora dizer coisas!), de Marta Temido (49 anos e que agora parece ter outras ambições), de Manuel Pizarro (59 anos, o actual titular da pasta) e ousaria mesmo invocar outros nomes ausentes, como será o caso do antigo secretário de Estado António Lacerda Sales (61 anos), não se desse o detalhe de ele ter caído em desgraça por ter andado a ajudar o filho do presidente Marcelo a tratar das gémeas. Em suma, por acção e por omissão, aquilo que o PS tem publicitado para a área da Saúde é muito pouco e é muito oco. Não se sente isso porque o que é apresentado pelos partidos da oposição ainda é pior. Mas, quando se vêem chamadas de atenção para um problema que parece compartilhado pelos vários Serviços Nacionais de Saúde dos países da Europa ocidental (abaixo), deduz-se que aquilo que as verdadeiras «personalidades» terão para nos dizer sobre a Saúde não será propriamente popular entre os eleitores, a evitar tratar com seriedade na campanha que se aproxima. Por muito que a questão das deficiências dos SNSs pareça ser estrutural e comum aos vários países com que nos costumamos comparar - normalmente para nos rebaixarmos...

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