23 de Janeiro de 1964. Cerca de 700 membros do 1º Batalhão dos Tanganyika Rifles amotinaram-se contra os seus oficiais britânicos e assumiram brevemente o controle da capital de Tanganica, Dar es Salaam. As reivindicações dos amotinados era por salários mais elevados e para que oficiais africanos substituíssem os seus comandantes britânicos; a revolta começara em Lugalo e depois estendeu-se aos quartéis de Tabora e Nachingwea. Os rebeldes prenderam 30 dos seus oficiais britânicos, construíram barreiras para impedir a entrada e saída de Dar es Salaam, assumiram o controlo do aeroporto, da estação de rádio, da estação ferroviária e das esquadras de polícia, bem como do palácio do governo, embora o presidente, Julius Nyerere estivesse ausente na altura. Esta já é a noticia da acalmação da revolta, depois de o ministro da Defesa, Oscar Kambona, ter acedido às exigências dos militares amotinados enquanto - embora isso não apareça mencionado na notícia - tropas britânicas estacionadas no vizinho Quénia foram rapidamente transportadas para Tanganica para debelar a revolta. De toda a maneira, os oficiais superiores britânicos encarregues de enquadrar o exército local - não havia até então qualquer oficial tanzaniano com patente superior a capitão - foram expulsos do país. Assinale-se que estas centenas de amotinados representavam uma assustadora (elevadíssima) proporção dos parcos efectivos militares das novas nações africanas. Mas que o problema radicava em questões estruturais e não circunstanciais comprova-se pelo facto que, no dia seguinte ao desta notícia, iria ocorrer um motim completamente idêntico no 11º Batalhão dos Kenya Rifles que estava aquartelado em Nakuru, que é a terceira maior cidade do Quénia. Também aqui as reivindicações dos amotinados incidiam nas suas condições e na exigência da substituição dos oficiais de origem britânica. E também aqui foram as tropas britânicas que procederam à contenção do motim. O batalhão foi dissolvido e 43 amotinados foram levados a tribunal marcial pelo governo de Jomo Kenyatta. Para além de noticiados em Lisboa com desvelo, estes acontecimentos eram acolhidos pelo regime com uma indisfarçável dose de malícia: o caminho para as independências africanas preconizado por Londres não era desprovido de problemas muito sérios.
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