Para atribuir tanta importância ao «aliado diplomático», o jornalista que escreveu a notícia acima não deve fazer a mínima ideia sequer onde ficará Nauru. (Estivesse ele interessado, o Herdeiro de Aécio podia tê-lo ajudado, com esta publicação de 2006) Nauru é o terceiro mais pequeno país do Mundo, tanto em área (21 km²), como em população (cerca de 11.000 habitantes). Como «aliado», teria convido ao autor do artigo esclarecer os leitores que se trata de um aliado muito pequeno. A acrescer a essa irrelevância, Nauru tem um passado bastante volúvel no aspecto diplomático, porque, devido à dimensão, é um país descaradamente propenso a inflectir a sua política externa conforme as doações que recebe de países terceiros. Assim, já em 2002, Nauru havia cortado relações com Taiwan a troco de 130 milhões de dólares recebidos da China à guisa de auxílio humanitário. Contudo, em 2005, agora por uma quantia não revelada, Nauru reverteu a aliança que fizera, regressando ao reconhecimento de Taiwan em detrimento da China. Mas não se pense que o fenómeno da diplomacia oscilante se circunscreve às questões chinesas: em 2009, e contra o pagamento de 50 milhões de dólares da Rússia, Nauru tornou-se notícia por ser o quarto país do Mundo a reconhecer a independência da Abecásia, uma região da Geórgia que se separara dela com o apoio de Moscovo. Mais do que conhecida, a volubilidade de Nauru quanto a estas questões é proverbial. O que, como se compreende, retira quase todo o impacto à notícia acima. E é uma pena que António Saraiva Lima, o autor da notícia acima, licenciado em «Ciência Política e Relações Internacionais», que debateu «sobre a Europa num think tank», estagiou «numa afamada organização internacional» e que é mestre «em Estudos Europeus», pareça não saber praticamente nada de propedêutico sobre o assunto sobre o qual escreve. Este género de notícias avaliam-se pela profundidade como são tratadas, não pelo cardápio de títulos académicos que o autor ostenta.
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