30 de Janeiro de 2019. No Forum Económico Mundial que, como de costume e todos os anos, estava a decorrer na cidade suíça de Davos perante o interesse estruturado da comunicação social mundial, ocorre algo de verdadeiramente interessante. As sessões haviam decorrido entre 22 e 25 de Janeiro, mas tiveram que se passar mais alguns dias até que alguém tivesse encontrado algo de verdadeiramente interessante na sessão sobre desigualdade. No painel de comentadores encontrava-se um jovem historiador holandês de 30 anos chamado Rutger Bregman, (relativamente) pouco conhecido por ter publicado um livro chamado «Utopia para Realistas». A intervenção de Bregman não é extensa (veja-se acima) mas é arrasadora para a audiência, desde a hipocrisia de se invocar a questão ambiental mas que (pelo menos) 1.500 participantes se tinham deslocado para o evento em jactos privados, até à questão mais substancial de se estar ali a falar de desigualdade mas que ninguém se atrevera, até então, a aflorar sequer a questão da evasão fiscal dos mais ricos. Ninguém se atrevera sequer a mencionar o tópico impostos, algo que Bregman comparou a um congresso de bombeiros onde, para o combate aos fogos, fosse proibido mencionar a palavra "água". A ressonância do momento tornou-se viral. O holandês sintetizara em algumas frases concisas (mortíferas) o grande vazio constituído pelas reuniões de Davos. Tornou-se imensamente popular, embora as reuniões de Davos não tivessem mudado substancialmente de figurino - agora há alguma vergonha em viajar para lá de jacto privado e o Bono já não se dispõe a lá ir dizer truísmos bem intencionados...
Podemos encontrar rastos desse momento de há cinco anos nas páginas da BBC ou do The Guardian. Em contraste, aquilo que podemos encontrar na mesma data em Portugal em publicações como o Público ou o Observador é... nada. (um nada mais expectável no Observador, conhecida que é a sua agenda política) É perante exemplos destes que se levanta a questão se os congressos de jornalistas, sempre tão lamurientos a apontar causas externas para o desprestígio da sua profissão, não precisariam que um Rutger Bregman aparecesse também por lá a dizer umas quantas verdades evidentes...
À indiferença dos jornalistas por este historiador holandês, respondem com um um frenesim mediático por uma miúda sueca em fase de descontrolo hormonal.
ResponderEliminarÉ o que temos....