16 maio 2023

(A COR DAS CUECAS DE) FRANCISCO ASSIS EM FELGUEIRAS

16 de Maio de 2003. Nem mesmo a presença das câmaras de televisão conseguiu dissuadir os agressores de Francisco Assis, quando ele tentava participar numa reunião concelhia do PS em Felgueiras. Fazia-o como dirigente distrital (do Porto) do partido, mas nem mesmo esse elevado estatuto foi suficiente para dissuadir alguns militantes locais do PS que se comportassem da forma vergonhosa que as imagens mostram. Este é um dos momentos que mais facilmente recordamos quando se fala da história do PS e é uma pena que a ocasião não tenha sido evocada, entre outras efemérides, quando dos prolongados discursos do mês passado por ocasião do grande jantar que assinalou o 50º aniversário do partido. Das dezenas de intervenientes que se vêem a ameaçar e a agredir Assis, só quatro compareceram em tribunal, julgados por agressão agravada. Um foi absolvido e os outros três condenados a multas. Mas o que de melhor se retira de todo este episódio de que hoje se celebra o 20º aniversário (este suponho que não irá ser comemorado, nem em Felgueiras...), foram os comentários trocados por quem assistia em directo, via televisão, à cena. Havia quem comentava elogiosamente o aparente sangue frio de Francisco Assis, mesmo já tendo perdido os óculos quando apanhou com um caixote do lixo na cabeça; a esses elogios havia quem respondia com um trejeito desdenhoso e o comentário: «Ah, eu queria ver era de que cor é que estão as cuecas dele...» A expressão e o cepticismo tiveram sucesso! De há vinte anos para cá, a expressão «a cor das cuecas de Francisco Assis» tornou-se sinónimo da veracidade íntima de uma atitude política. (Política pronunciada com um P acentuado, como Francisco Assis o costuma dizer - mas essa uma outra história de uma outra expressão associada a Francisco Assis...)

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