03 fevereiro 2017

OS NÃO CONVENCIDOS, OS CONVENCIDOS, OS DESCONVENCIDOS E OS OUTROS

Seguindo a redacção que, tanto o Expresso (acima), quanto o Observador, usam na análise que ambos fazem a uma sondagem realizada pela rádio francesa Europe 1 quanto à credibilidade de François Fillon, a respeito do caso da assessoria da sua mulher, é possível chegar à conclusão que as sondagens em França são muito mais amplas do que as nossas: dão para 105% de respostas, pois é isso que resulta da adição dos 76% que «não ficaram convencidos com a resposta» com os apenas 29% que «ficaram convencidos com os argumentos». Parabéns pela aritmética e também parabéns por uma das autoras ter andado a copiar inspirar-se no artigo que a outra escreveu mas sem saber sequer corrigir as contas mal feitas. Vai-se a ver, à notícia original, e dão-se os parabéns também ao francês da autora da notícia original, pois ali percebe-se que afinal os 76% não se complementam aos 29%, e que estes últimos resultam, não do caso concreto que agora o afecta, mas de uma opinião dos sondados quanto a uma série de predicados que François Fillon terá ou não: ser honesto (28%), ter compreensão pelo eleitor comum (27%) ou ser verdadeiro para com os franceses (29%). É como a diferença entre perguntar concretamente se estas duas jornalistas se mostraram competentes a dar esta notícia, e perguntar genericamente se os jornalistas portugueses que dão estas notícias são competentes - o resultado, acredito, será igualmente deprimente, mas não se trata exactamente da mesma pergunta...

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