Por ser episódio raro, o do destaque à presença do ministro das Finanças no palácio de Belém, é que é fácil lembrarmo-nos da última vez que tal aconteceu, vai para quase quatro anos, em princípios de Abril de 2013, quando o titular da pasta na época, Vítor Gaspar, acompanhou o primeiro-ministro a Belém num pedido de apoio presidencial. Considerando as circunstâncias, a evocação trata-se quase só de uma curiosidade, porque nestes quatro anos transcorridos e para além do ministro das Finanças, mudou o presidente assim como mudou o primeiro-ministro e o governo. O que pode ser considerado consistente é o jornal que notícia os dois episódios ser o mesmo, o Expresso, assim como a identidade da jornalista responsável pelas duas notícias, Ângela Silva. São apenas estes dois últimos aspectos que tornam engraçado comparar o contraste como foram noticiadas as comparências em Belém de Vítor Gaspar («o presidente confirmou que o governo tem condições para continuar») e de Mário Centeno («presidente só segura o ministro "por estrito interesse nacional"»). A terminologia diferente só não surpreende porque são conhecidas para onde apontam as simpatias políticas do Expresso. A esse respeito da objectividade contrastante, lamento apenas que não se publicasse já o Observador em 2013... Mas a verdadeira reflexão vai para a clarividência que o tempo trouxe aos acontecimentos de Abril de 2013: é que, apesar daquele robusto endosso presidencial de Cavaco Silva, dali por menos de três meses Vítor Gaspar demitia-se e apresentava uma carta de demissão onde confessava que o desejara fazer desde Outubro do ano anterior. Tomando essa confissão por verdadeira (e não foi desmentida), a ida a Belém não passara de uma coreografia a que Gaspar se prestara. Sobre estes assuntos, esta actual crítica presidencial até deve ser verdadeira, mas os jornalistas comem tudo o que lhes põem na manjedoura; trincam-no é conforme as suas simpatias políticas.
Nem mais.
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