08 fevereiro 2017

O EPIFENÓMENO BETSY DEVOS

Fazendo lembrar estranhamente uma reencarnação em queque de Tootsie (um filme já com 35 anos que Dustin Hoffman protagonizava, disfarçado de mulher), os problemas de imagem acabaram por se revelar o menos para Betsy DeVos quando se apresentou no Senado norte-americano para ser ouvida e confirmada como secretária da Educação da nova administração Trump. Uma regra se consolidou a respeito deste membros secundários das administrações presidenciais norte-americanas: descontando o secretário de Estado, eventualmente o da Defesa e/ou do Tesouro em tempos mais difíceis, se o nome de um outro secretário é referido frequentemente pela comunicação social é porque: ou é muito bom ou, mais frequentemente, porque é muito mau. Ora a Sra. DeVos conseguiu a proeza de começar a ser falada ainda antes de ser nomeada para o cargo, apenas por causa do seu desempenho quando das audições no Senado. Com um estilo a fazer lembrar a nossa antiga ministra Isabel Alçada, só que ainda mais benzoca, a candidata foi positivamente cilindrada pelas questões dos senadores democratas, apostados em demonstrar que a escolha de Donald Trump fora um verdadeiro erro de casting e que a sua nomeação se devera exclusivamente (conforme se sugeria em surdina) às enormes contribuições que a família DeVos fizera para as campanhas republicanas.

Mas, como diria o prefeito Odorico Paraguaçu, botando de lado os entretanto e partindo logo para os finalmente, quando chegou o momento crucial da votação no Senado, a fraca performance de Betsy DeVos durante as audiências (que se aprecia no vídeo acima) apenas conseguiu decepcionar, para além do bloco de todos os senadores democratas, duas senadoras republicanas, Lisa Murkowski do Alaska e Susan Collins do Maine, que se dissociaram da solidariedade partidária. O resultado final foi, assim, um empate 50-50 entre aqueles que se pronunciavam a favor e contra a nomeação de Betsy DeVos. O que está previsto para estes casos é que o desempate seja feito pelo voto do vice-presidente, no caso Mike Pence, que votou naturalmente a favor da nomeação. Segundo li no The New York Times, foi a primeira vez que um vice-presidente utilizou o seu direito de voto para desempatar uma votação no Senado que se referia à nomeação de um membro do Gabinete. Custou, mas foi, e isso deve servir-nos de reflexão, para lá do aspecto mediático-folclórico dos confrontos políticos, sobre a determinação da Administração Trump em impor a sua vontade.

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