Segundo reza a mitologia urbana, o chop suey terá sido um prato que não foi inventado na China, de que nem sequer há a certeza do seu inventor ter sido chinês, num dia em que num qualquer restaurante oriental se haviam acabado as doses tradicionais e houve que se improvisar outro, constituído pelo que sobrava do que restava. Afinal, consultando a Wikipédia parece que não é bem assim. Mas, mais do que controvérsias culinárias, a expressão adquiriu o seu significado preciso, correspondente a algo heterogéneo composto por uma mistura de restos, e é nesse sentido que aqui a emprego, ao evocar um jornal intitulado 25 de Abril do Povo, cujo primeiro número apareceu a 3 de Julho de 1976, data já muito entrada na ressaca pós-PREC e cujo quadro de colaboradores, portentoso, contava com nomes de extremas-esquerdas tão díspares quanto Amadeu Lopes Sabino, Carlos Albino, Eduardo Miragaia, Fernando Alves, Jaime Antunes, Joaquim Vieira, José Manuel Fernandes, José Mário Branco, Orlando Raimundo, Rodrigues da Silva, Rui Pego ou Saldanha Sanches.
A reprodução na primeira página da nota manuscrita por um Otelo Saraiva de Carvalho que acabara de receber 16,5% dos votos nas eleições presidenciais seis dias antes (mais do que dobrando a votação do candidato comunista Octávio Pato) é um verdadeiro must.
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