Considerar o Império Britânico como uma unidade política ajudava a que, no final da Primeira Guerra Mundial, a contabilização do esforço do Reino Unido pudesse ser considerado como superior ao de qualquer das grandes potências vencedoras, tendo mobilizado cerca de 9,5 milhões de soldados, contra os 8,4 da França, os 5,6 de Itália ou os 4,7 dos Estados Unidos. Claro que para alcançar esse total havia que contar com as contribuições vindas de todo os domínios e colónias espalhados pelo mundo, como se pode ver pelo mapa acima e também pelos cartazes apelando aos voluntários abaixo: na Austrália, no Canadá, na Escócia ou na Irlanda.
Comparando o mapa inicial com outro semelhante mas agora a respeito dos esforços dispendidos durante a Segunda Guerra Mundial, mostrar-se-á que o engajamento do Império foi até superior ao do conflito precedente.
Porém, neste caso, tem de se comparar os mais de 11 milhões de mobilizados pelo Império Britânico com os mais de 12 milhões que foram mobilizados pelos soviéticos assim como outros tantos que o foram pelos norte-americanos. À luz desta contabilidade, o Reino Unido tinha agora uma posição equiparada no quadro das grandes potências vencedoras do conflito. Além disso, fragilizando-a, a fantasia da unidade política dos membros do Império dissipara-se quando Austrália, Índia ou Nova Zelândia se haviam visto alvo de ameaça de invasão japonesa, quando o assunto não era prioridade para a metrópole. Abaixo, numa fotografia de conjunto que, cada vez mais, não passava disso mesmo, uma fotografia de conjunto, e da esquerda para a direita, vêem-se os primeiros-ministros do Canadá, da África do Sul, do Reino Unido, da Nova Zelândia e da Austrália em Londres em Maio de 1944.
A participação de soldados indianos na 1ª guerra mundial também foi muito grande, segundo li recentemente. E a sua utilidade militar foi substancial. Parece que os independentistas indianos ficaram muito ofendidos quando, depois de - reconhecidamente - a Índia ter ajudado tanto a Grã-Bretanha na 1ª guerra, a Grã-Bretanha não lhe pagou o favor, concedendo à Índia a independência. Acabou por só o fazer no fim da 2ª guerra, quando a Grã-Bretanha estava tão crivada de dívidas que já não tinha capacidade financeira para manter as colónias.
ResponderEliminarEm número, a contribuição indiana terá correspondido a cerca de 15% de todos os efectivos mobilizados pelo Império britânico. Mas em valor combativo essa contribuição terá sido algo inferior, pois uma apreciável percentagem desses efectivos foi empregue como auxiliares, caso que aconteceu, por exemplo, a ⅓ dos 135.000 indianos que foram mobilizados para a Frente Ocidental (França e Bélgica) entre 1914 e 1915. Invocando-se vantagens comparativas, como a adaptação a outros climas, mas também por razões racistas, as unidades indianas foram depois empregues noutros Teatros de Operação, sobretudo no Próximo Oriente e contra os turcos.
ResponderEliminarNo fim do conflito tinha havido episódios gloriosos, mas também houvera outros em que as armas indianas não se saíram lá muito bem, um dos quais já me referi aqui no blogue (http://herdeirodeaecio.blogspot.pt/2011/11/o-desembarque-de-tanga.html) chamando a atenção para a “habilidade” britânica em enxotar as responsabilidades para os outros em caso de desastres militares – acessoriamente, é o que fazem também connosco no caso da batalha de La Lys.
Quanto às expectativas indianas no fim da Primeira Guerra Mundial, por aquilo que li, suponho que a maioria dos líderes indianos se teria contentado na altura com o estatuto de Domínio, idêntico ao gozado pelo Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul ou Terranova. Mas trata-se de um assunto interessante, talvez merecedor de um "poste", pela sugestão do qual, por muito involuntária que tenha sido, lhe agradeço.
É interessante notar que ainda hoje o dia nacional da Austrália, feriado no país, está relacionado com a participação dos soldados australianos no assalto à península de Gallipoli, na Turquia, na 1ª guerra mundial. É muito interessante que o dia nacional da Austrália se relacione com um evento passado a meio-mundo de distância e numa guerra que para a generalidade dos modernos australianos - muitos dos quais são de origem e etnia asiática - nada diz.
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