O infanticídio foi uma prática comum durante o período da Antiguidade clássica até à difusão do cristianismo. Em algumas sociedades, como a fenícia ou a cartaginesa, ele terá chegado a ser oficializado através de sacrifícios religiosos de crianças. Acima, pode apreciar-se uma reprodução em BD de uma dessas cerimónias numa Cartago que estava então cercada. Além das invocações ao deus Moloch – uma gigantesca estátua de bronze alada com uma cabeça de touro que funcionava como uma fornalha - servirem para levantar o moral dos cartagineses, as crianças sacrificadas deixavam de representar um fardo nos recursos sempre escassos de uma cidade sitiada. Em situações excepcionais o Estado podia arrogar-se o direito de reduzir o grupo etário mais dispensável à sua sobrevivência imediata.
Porém, vinte e três séculos depois a demografia modificou completamente a estrutura demográfica das sociedades modernas, as crianças tornaram-se agora um produto escasso enquanto os raros velhos de outrora agora abundam. Ainda não será preciso aniquilar estes últimos em qualquer altar, que o problema é de sustentabilidade e não de sobrevivência, mas quando se voltam a invocar situações excepcionais, tornam a ser os recursos atribuíveis ao grupo demográfico que menos importa os primeiros a serem sacrificados…
Pelo grafismo, temática e época, depreendo que a ilustração seja tirada de um álbum de Alix. Quanto a Moloch, tinha ideia dessa divindade infernal por ligação ao Baal semita (como os cartagineses provinham da Fenícia, deve ser uma derivação)e daquele filme mudo italiano, Cabiria.
ResponderEliminarÉ de facto originário de um álbum de Jacques Martin e de Alix: O Túmulo Etrusco, onde o deus é designado por Moloch-Baal.
ResponderEliminarConvém não esquecer contudo que os autores originais onde estas descrições se foram inspirar eram, senão romanos, pró-romanos, inimigos jurados dos cartagineses nas guerras púnicas, e por isso haverá que as ler com algum cepticismo.