Entre a memorabilia mais significativa de toda a Segunda Guerra Mundial conta-se a folha de papel acima, escrita pessoalmente por Churchill e visada com aquele visto concordante de Estaline. Data de Outubro de 1944 e neste papel os países da Europa de Leste são redistribuídos em percentagens de influência pelas duas potências: a Grécia será britânica a 90%, a Roménia russa a 90%, a Bulgária russa a 75%, a Jugoslávia e a Hungria equitativas nos 50/50%. O episódio costuma ser contado com um aparente tom de ultraje por causa das negociações entre o imperialismo britânico e o soviético mas, na sua substância, não se nota qualquer esforço para o esquecer ou ignorar, acabando ele por se vir a mostrar lisonjeiro para as pretensões britânicas, quando os mostra a negociar aquilo que já não controlavam, atente-se ao que lá não está e ao que a História depois mostrou que não se veio a cumprir.
Ausentes da lista, e consequentemente da pretensa disputa entre esferas da influência, estão tanto a Checoslováquia como a Polónia, países pelo controle dos quais se haviam desencadeado, respectivamente, a Crise de Munique de Setembro de 1938 e a própria Segunda Guerra Mundial um ano depois. Também dos três países bálticos, a Estónia, a Letónia e a Lituânia, que haviam sido ocupados pelos soviéticos em Junho de 1940, nem se fala. Todos eles ficarão na órbita soviética, quando não integrados politicamente na própria União. Quanto à subtileza das percentagens, é a dinâmica da presença dos exércitos de cada uma das potências que irá criar uma lógica binária, insensível a percentagens de influência. Quando da Revolução húngara de 1956 contra os soviéticos (abaixo), nem fazia sentido relembrar que outrora Estaline se dispusera a dividir equitativamente o controle sobre aquele país…
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