31 janeiro 2006

A TESOURARIA DA PALESTINA

Foi com surpresa que se descobre, depois da vitória do Hamas nas eleições palestinianas, que o respectivo estado sobrevive sobretudo devido às contribuições dos países ocidentais e que estes se preparam para as usar como forma de condicionamento do comportamento político futuro dos vencedores do Hamas.

De acordo com o Financial Times de ontem as contribuições norte-americanas para o Estado Palestiniano desdobram-se em 58 milhões de euros de contribuições directas, 186 milhões através de ONGs e mais 72 milhões através das agências da ONU, perfazendo um total de 316 milhões em 2005.
Na mesma notícia, a União Europeia é classificada como a maior doadora, com um total rondando os 500 milhões de euros no mesmo ano. Não se distingue aqui por que canais as contribuições são efectuadas nem, muito mais importante, as nacionalidades dos doadores mais importantes (Alemanha? Reino Unido? França?) visto que cada doação representa um actor político distinto, que poderá ter uma agenda própria.

Embora no mesmo artigo não haja menção ao montante das contribuições de outros países árabes, embora noutras fontes (Quid 2004) essas subvenções se estimem em mais de 200 milhões de euros anuais, vindas da Arábia Saudita, Líbia, Emiratos Árabes, Argélia, Qatar ou Koweit.
Valerá a pena especular se, com a generosidade que o aumento do preço do petróleo tem tido nas suas tesourarias, estes últimos estarão dispostos a suprir as lacunas de uma eventual redução dos fundos ocidentais. Ou deixarão que a argumentação persuasiva dos países ocidentais produza a moderação necessária ao Hamas para o levar a sentar-se à mesa das negociações.

Aquele pedaço de terra já viu conversões tão ou mais espectaculares. Yasser Arafat também já havia sido um terrorista, assim como Menahem Begin antes dele. Por isso, será desejável e não será nenhuma novidade que o Hamas ganhe respeitabilidade porque representatividade já demonstrou que a tem.

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