O cartaz aqui representado é o original que acompanhava as exibições de Música no Coração, quando ele passava no Cinema Tivoli, anos a fio (lembro-me de publicitarem que se estava na 77ª semana de exibição – cerca de ano e meio), com a audiência, de uma média etária superior ao habitual, a ver e a rever o filme, cantando as suas canções (aliás, o cartaz a isso mesmo incentivava).
Por detrás da história da Maria e da família Von Trapp estava uma outra, a que a Áustria contava para si e para o mundo sobre a forma como se relacionara com a anexação e com a sua inserção no Reich alemão. A verdade era, como costuma ser, muito mais complexa do que a edelweiss (a flor que simboliza a Áustria) a ser espezinhada pelas botas nazis.
A descoberta do desempenho de Kurt Waldheim, Presidente da República e antigo Secretário-Geral da ONU, enquanto jovem oficial das forças encarregues da repressão aos guerrilheiros jugoslavos durante a 2º Guerra Mundial, apenas representava um exemplo de uma descomunal visibilidade de imensos exemplos de uma sociedade que não conseguia ter a consciência tranquila.
A mesma Viena, a mesma sociedade vienense que albergava Simon Wiesenthal e a sua organização de caçadores de antigos nazis, fora a mesma que deixara passar, sem alarde, o extermínio da sua comunidade judaica, de que Wiesenthal fizera parte.
A Áustria moderna já não é essa Áustria, obrigatoriamente neutral por causa da Guerra-Fria. É muito mais descomplexada, em assuntos que apenas se sussurram na Alemanha, como a extrema-direita de Haider. Talvez por isso, talvez também por ter uma irmã mais velha com muita força (Alemanha), tem-se permitido virar-se a alguns dos grandes da União (França), o que estes devem pensar ser um mau exemplo para países de média dimensão, como o nosso.
Alguém, maldosamente, classificou os austríacos como alemães-que-têm-paciência-para-lidar-com-eslavos. Que é que eles nos reservarão durante o semestre da sua presidência?
* O título é trauteável… Uma homenagem à minha cunhada que positivamente adora este filme.
Por detrás da história da Maria e da família Von Trapp estava uma outra, a que a Áustria contava para si e para o mundo sobre a forma como se relacionara com a anexação e com a sua inserção no Reich alemão. A verdade era, como costuma ser, muito mais complexa do que a edelweiss (a flor que simboliza a Áustria) a ser espezinhada pelas botas nazis.
A descoberta do desempenho de Kurt Waldheim, Presidente da República e antigo Secretário-Geral da ONU, enquanto jovem oficial das forças encarregues da repressão aos guerrilheiros jugoslavos durante a 2º Guerra Mundial, apenas representava um exemplo de uma descomunal visibilidade de imensos exemplos de uma sociedade que não conseguia ter a consciência tranquila.
A mesma Viena, a mesma sociedade vienense que albergava Simon Wiesenthal e a sua organização de caçadores de antigos nazis, fora a mesma que deixara passar, sem alarde, o extermínio da sua comunidade judaica, de que Wiesenthal fizera parte.
A Áustria moderna já não é essa Áustria, obrigatoriamente neutral por causa da Guerra-Fria. É muito mais descomplexada, em assuntos que apenas se sussurram na Alemanha, como a extrema-direita de Haider. Talvez por isso, talvez também por ter uma irmã mais velha com muita força (Alemanha), tem-se permitido virar-se a alguns dos grandes da União (França), o que estes devem pensar ser um mau exemplo para países de média dimensão, como o nosso.
Alguém, maldosamente, classificou os austríacos como alemães-que-têm-paciência-para-lidar-com-eslavos. Que é que eles nos reservarão durante o semestre da sua presidência?
* O título é trauteável… Uma homenagem à minha cunhada que positivamente adora este filme.
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