14 janeiro 2006

TÁXIS*

Os Táxi foram um conjunto que apareceu com a erupção do rock português do início dos anos 80, com a consistência da pedra-pomes: sólida de aparência e muito levezinha lá por dentro. Tiveram vários hits no primeiro álbum chamado Taxi, outros flops, no álbum seguinte, Cairo, e, no ano seguinte, eram sobretudo glups, porque já ninguém estava interessado no que editavam.

Táxi também já se tornou um insulto rodoviário corrente que nós, os condutores amadores, dedicamos a uma das corporações mais castiças de Portugal. É tão castiça que, se houvesse que mudar as cores da bandeira nacional eu proporia passar do verde-rubro actual para o verde-preto do táxi tradicional. Há quem diga que é dentro desses táxis, com os profissionais mais tradicionais que se travam as conversas mais interessantes que existem neste país - qual Ana Sousa Dias, qual carapuça! Quando, antes e durante o Europeu de 2004, via passar táxis desses com a bandeira nacional da praxe até as achava redundantes.

Por falar em Euro 2004, lembro-me de umas acções da fiscalização económica, feitas em antecipação mas de surpresa, em preparação ao acolhimento da onda de turistas que nos viria visitar. Houve duas acções, incidindo aleatoriamente sobre 5 profissionais cada, portanto 10 no total, onde se descobriram 7 situações com irregularidades. Sabiamente, dado o mau aspecto que a coisa levava, interromperam-se as acções, submetendo-as ao tema “os estrangeiros que vierem que se desenrasquem”. É de louvar que a Associação profissional da classe (ANTRAL) tenha esclarecido que os casos encontrados representariam apenas uma minoria dos associados. Estariam possivelmente a referir-se aos 30% que estavam regulares, porque ainda não estavam bem impregnados do espírito de classe.

Deve ser possivelmente também por causa de todo este prestígio granjeado pela classe dos taxistas que a palavra táxi tem sido associada ao Dr. Isaltino Morais que, não sendo taxista, tem um sobrinho que o é. É verdade que tem havido um certo cepticismo sobre a prosperidade que a profissão pode proporcionar em países distantes como a Suíça. Mas também se demonstrou que o sobrinho tem muita amizade e confiança no tio.

Controvérsias à parte, o que importa é que, tendo Isaltino Morais argumentado que se candidatava ao Concelho de Oeiras porque nada havia de juridicamente concreto contra ele, justifica-se que agora tome uma atitude (demitir-se, talvez...), visto agora haver e já ter sido constituído arguido. Suspeito é que as probabilidades de que isso aconteça sejam iguais às de que um taxista, depois de ter feito alguma asneira no meio do trânsito, baixe o vidro e nos peça desculpa…

* Com os meus agradecimentos ao Pedro Cabral pela sugestão.

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