Os resultados eleitorais destas presidenciais já permitem dar uma leitura, entre várias, que se poderá sintetizar numa paráfrase duma intervenção muito conhecida de Mário Soares durante uma das suas famosas presidências abertas.
Ao dirigir-se a um dos guardas que se estavam a esforçar por lhe servir de batedores desimpedindo o caminho (o que contrariava os objectivos de Soares, que pretendia demonstrar ao país e a Cavaco que estava tudo engarrafado), o furioso Presidente saltou do seu lugar no autocarro e invectivou o desgraçado do polícia: Oh sôr guarda… desapareça!!!.
Parece que desta vez foi o conjunto do eleitorado português, com uma atitude menos furiosa e, se calhar, menos emocional do que a que havia sido a de Soares naquele episódio, que resolveu dizer a Soares para desaparecer: Oh sôr Soares… desapareça!!! O que me parece um pedido injusto.
Injusto porque tanto Soares como o guarda estavam convencidos da bondade das suas actuações. Mas, dizem as más-línguas, que de boas intenções estará o inferno cheio. Mas é sobretudo injusto porque as carreiras, tanto de um como doutro, não se esgotam nem devem ser apreciadas apenas por estes episódios mais infelizes.
Mário Soares faz parte da iconografia do regime saído do 25 de Abril e será sempre um elemento, com todas as suas virtudes e defeitos, indissociável desse regime. Quando encabeçou a resistência civil ao PREC durante o verão quente de 1975 ou quando, como primeiro-ministro, reorientou todas as prioridades da politica externa portuguesa para a adesão à CEE, para apenas citar duas das suas responsabilidades mais emblemáticas.
É possível considerar que, no seguimento das acções anteriores e de outras, se firmou entre Soares e a sociedade portuguesa uma espécie de contrato de indulgência, concedida por esta última, que permitiu ao, caridosamente designado por, bochechas os passeios às costas do elefante mais o seu turbante laranja, os passeios em tartaruga ou as retemperadoras visitas de estado às ilhas Seychelles em pleno Dezembro.
Terá sido uma espécie de prorrogação desse contrato que Soares pediu em Agosto de 2005 e cuja resposta, de há muito adivinhada, se vê hoje escarrapachada. Mesmo Soares não a pode ignorar e, se tiver a ousadia de a desvalorizar, lançando suspeitas sobre a lisura deste acto eleitoral, estará apenas a agredir-se retroactivamente por toda a sua carreira política feita de vitórias e derrotas em actos eleitorais idênticos aos de hoje.
Mantendo a minha simpatia pela pessoa (se Soares não fosse Soares onde se perderia tempo com um post sobre um terceiro colocado numas eleições presidenciais?) não quero deixar de formular os meus mais empenhados votos pelo desmoronar da corte mais monárquica que rodeia o político português que mais vezes tenho visto reclamar-se do republicanismo.
Os cortesãos de Soares, que se dizem amigos dele mas onde nunca se notaram discordâncias sobre a condução das coisas no que diz respeito a esta aventura do MP3, onde, para mais, se notaram intervenções que ainda acirraram mais o mau estar e a antipatia gerada em relação ao candidato, quero deixar só uma mensagem para eles: que deixem o homem em paz e que mudem de manjedoura!
Ao dirigir-se a um dos guardas que se estavam a esforçar por lhe servir de batedores desimpedindo o caminho (o que contrariava os objectivos de Soares, que pretendia demonstrar ao país e a Cavaco que estava tudo engarrafado), o furioso Presidente saltou do seu lugar no autocarro e invectivou o desgraçado do polícia: Oh sôr guarda… desapareça!!!.
Parece que desta vez foi o conjunto do eleitorado português, com uma atitude menos furiosa e, se calhar, menos emocional do que a que havia sido a de Soares naquele episódio, que resolveu dizer a Soares para desaparecer: Oh sôr Soares… desapareça!!! O que me parece um pedido injusto.
Injusto porque tanto Soares como o guarda estavam convencidos da bondade das suas actuações. Mas, dizem as más-línguas, que de boas intenções estará o inferno cheio. Mas é sobretudo injusto porque as carreiras, tanto de um como doutro, não se esgotam nem devem ser apreciadas apenas por estes episódios mais infelizes.
Mário Soares faz parte da iconografia do regime saído do 25 de Abril e será sempre um elemento, com todas as suas virtudes e defeitos, indissociável desse regime. Quando encabeçou a resistência civil ao PREC durante o verão quente de 1975 ou quando, como primeiro-ministro, reorientou todas as prioridades da politica externa portuguesa para a adesão à CEE, para apenas citar duas das suas responsabilidades mais emblemáticas.
É possível considerar que, no seguimento das acções anteriores e de outras, se firmou entre Soares e a sociedade portuguesa uma espécie de contrato de indulgência, concedida por esta última, que permitiu ao, caridosamente designado por, bochechas os passeios às costas do elefante mais o seu turbante laranja, os passeios em tartaruga ou as retemperadoras visitas de estado às ilhas Seychelles em pleno Dezembro.
Terá sido uma espécie de prorrogação desse contrato que Soares pediu em Agosto de 2005 e cuja resposta, de há muito adivinhada, se vê hoje escarrapachada. Mesmo Soares não a pode ignorar e, se tiver a ousadia de a desvalorizar, lançando suspeitas sobre a lisura deste acto eleitoral, estará apenas a agredir-se retroactivamente por toda a sua carreira política feita de vitórias e derrotas em actos eleitorais idênticos aos de hoje.
Mantendo a minha simpatia pela pessoa (se Soares não fosse Soares onde se perderia tempo com um post sobre um terceiro colocado numas eleições presidenciais?) não quero deixar de formular os meus mais empenhados votos pelo desmoronar da corte mais monárquica que rodeia o político português que mais vezes tenho visto reclamar-se do republicanismo.
Os cortesãos de Soares, que se dizem amigos dele mas onde nunca se notaram discordâncias sobre a condução das coisas no que diz respeito a esta aventura do MP3, onde, para mais, se notaram intervenções que ainda acirraram mais o mau estar e a antipatia gerada em relação ao candidato, quero deixar só uma mensagem para eles: que deixem o homem em paz e que mudem de manjedoura!
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