16 janeiro 2006

SVEN GORAN ERIKSSON

Nos idos tempos do Dr. Salazar, por altura do golpe palaciano falhado de Botelho Moniz (1961), circulava uma quadra maldosa, que associava esse evento a outro, ocorrido por essa mesma altura: uma (a primeira) condecoração a Amália Rodrigues.
Rezava então assim a dita quadra:

Neste país de disputas,
Onde há disputas a mais,
Condecoram-se as putas,
E fodem – se os generais!

Esta evocação serve apenas para realçar que nem a, mais tarde, hiper idolatrada Amália Rodrigues se livrou da má-língua caseira tradicional portuguesa e para reforçar ainda mais o enorme mérito de alguém como Sven Goran Eriksson, que atravessou o mundo sempre em briga do futebol português e dele saiu com uma enorme aura de respeito geral. Da parte dos benfiquistas mas, com a distância do tempo, também dos adeptos dos outros clubes.

Só não posso ser taxativo na unanimidade porque não sei o que poderão pensar de Eriksson algumas pessoas aparentemente equilibradas como, por exemplo, Miguel Sousa Tavares. Sempre que associamos futebol, FC Porto e Miguel Sousa Tavares pode acontecer tudo e é preferível fazer como no totobola: pôr tripla.

Em Inglaterra, depois de ter começado a treinar a selecção é que Eriksson parece ter ganho um outro tipo de amigos. Entre os tablóides britânicos já lhe tentaram arranjar um caso de um envolvimento seu com uma secretária da federação inglesa de futebol e, mais recentemente, forjaram-lhe uma armadilha, com um convite para ele fosse ao Médio Oriente, falar com um falso emir num iate que pretenderia investir no futebol inglês e gravando-lhe toda a conversa.

É o tipo de artigo de jornal que deve ter custado uma pipa de massa (viagens de avião, estadias de hotel, aluguer do iate, etc.) e penso estar muito para além do questionável do ponto de vista deontológico. Mas de todo o episódio, seja qual for o desfecho, penso ser possível extrair duas conclusões.

A primeira é a que, tendo tudo isto decorrido na civilizadíssima Inglaterra, tem de haver mais contenção nas críticas que se fazem à nossa imprensa. Se o News of the World é o progresso, então eu sou retrógrado. Suspeito que o 24 Horas ainda não tentou levar Souto Moura às meninas para o fotografar de calças na mão...

A segunda, na eventual hipótese de todas aquelas manobras contra Eriksson terem algum fundo de xenofobia por ele ser sueco, são um reforço no incentivo às atitudes de José Mourinho. No fim ele há-de ser cilindrado pelo mesmo tipo de malta como a que preparou a armadilha a Eriksson. Até lá, assiste-lhe todo o direito de os humilhar...
Ganda Mourinho!

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