14 janeiro 2006

O ECLIPSE LUNAR

Havia uma história antiga, dos princípios do século passado, onde um capitão emitia uma ordem para uma formatura extraordinária na parada, durante a noite, para que as suas tropas presenciassem um eclipse lunar, acompanhado por uma explicação científica do oficial sobre o fenómeno. Em caso de tempo nublado, a ordem ficava sem efeito.

Transmitida pelo capitão ao sargento, deste aos furriéis, depois aos cabos e posteriormente aos soldados, ficou entre estes a impressão que o nosso capitão se preparava para fazer um eclis às tropas, se as nuvens deixassem.

Filha da época e denunciadora de uma sobranceria pelas classes baixas do mais politicamente incorrecto pelos padrões actuais, a história não anda assim tão distante do que os órgãos de informação da actualidade fazem às vezes, quando simplificam ao absurdo a informação que produzem.

Noutro dia, o Ministro das Finanças alertou, num programa televisivo, para o colapso futuro do sistema da segurança social (que inclui as diversas pensões e também todo o tipo de subsídios – desemprego, casamento, nascimento, funeral, abono de família) se ele não fosse reorganizado. No dia seguinte, lendo vários órgãos de comunicação social, aquelas afirmações estavam empacotadas numa ameaça do fim de todas as pensões de reforma para daqui a dez anos…

Há coisas que têm mesmo de ser tratadas com sobriedade e com rigor. Dando um exemplo e regressando à astronomia, não adianta organizar um referendo a perguntar se “concorda que a Terra gire à volta do Sol?”. Os votos discordantes são estupidamente supérfluos…

Ceterum censeo*, quando é que se sabem as contas públicas? – diria Catão.

* por outro lado.

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