Se há coisa que me irrita nesta história das antipatias pela realização do campeonato mundial de futebol no Qatar, é a pretensão, da parte de quem o está a defender, de que as críticas só se congregaram muito recentemente. Estas imagens que aqui exibo desmentem essa mentira. Datam de 2015, já têm sete anos! No vídeo acima, mais espectacular e irónico, um humorista irrompe pela conferência que o então presidente da FIFA (Joseph Blatter) se preparava para realizar, para lhe depositar um maço de notas (falsas) na sua frente, apelando para que, depois de escolhido o do Qatar, o Mundial seguinte, em 2026, se realizasse... na Coreia do Norte. A cena acaba com uma chuva de notas atiradas ao ar, numa alusão evidente à corrupção que se descobrira grassar no topo da FIFA e que iria levar o próprio Blatter a ter de se demitir e a ser sancionado com o banimento da actividade. O outro vídeo é do astro argentino Diego Maradona, entretanto falecido em 2020, a criticar de uma forma contundente a escolha do Qatar para sede deste Mundial que agora começou. Portanto, comprovadamente, aquilo que se está a assistir é apenas à erupção de uma antiga controvérsia que esteve a fermentar praticamente desde a escolha do emirado para local de realização do Mundial. É inaceitável assistir à hipocrisia de pretender que tudo o que está a acontecer irrompeu do nada, como o fez, por exemplo, António Lobo Xavier, que o utilizou como um dos argumentos fortes da sua intervenção (viscosa, como é seu timbre) no programa O Princípio da Incerteza da CNN desta semana. (quem quiser, pode ouvi-lo a argumentar nesse sentido a partir dos 31:10s) Haja pachorra!
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