É óbvio mas, pelos vistos, há que repeti-lo continuamente, que a completa surpresa como foi acolhido por todos o episódio da renúncia de Jerónimo de Sousa e a nomeação de um sucessor demonstrou à evidência que a cúpula que efectivamente dirige o PCP opera num secretismo muito eficaz. A vanguarda esclarecida da classe operária portuguesa é eficiente a guardar segredos, enquanto o jornalismo português é medíocre a descobri-los, embora seja improvável vermos esta evidência publicada em títulos de jornal. Nenhuma classe profissional gosta de admitir em contrição que é, geralmente, uma merda, mesmo que seja evidente que o é. Agora o que se torna insuportável é assistir à sublimação dessa incompetência em títulos garrafais que se tornam risíveis, senão mesmo insultuosos para a inteligência dos leitores, como é o caso deste título acima do Expresso, em que aquele jornal pretende, estupidamente, convencer quem o lê que acompanhou os bastidores de uma sucessão sobre a qual, até à véspera do seu anúncio público, não sabia nada de nada. Porque, se o Expresso o soubesse, evidentemente, ter-lhe-ia competido publicitar o furo jornalístico. Quanto a estes episódios que verdadeiramente testam a qualidade do jornalismo, eu já estou habituado à mediocridade; nunca me vou habituar é à manha do fazer de conta...e querer intrujar os leitores.
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