O fenómeno até tem um nome específico e uma entrada dedicada na wikipedia: o efeito Al Jazeera. As emissões internacionais em língua inglesa da Al Jazeera têm sido saudadas desde o seu início, em 2006, como uma saudável alternativa pluralista à hegemonia exercida pelos colossos do sector, especialmente os canais norte-americanos como a CNN ou a Fox News. Ainda no princípio deste ano, por ocasião do início da invasão russa à Ucrânia, a Al Jazeera fazia questão de escrutinar a parcialidade como todos os seus rivais estavam a cobrir o acontecimento e a simpatia manifesta pelos invadidos. Edificada e consolidada (e até mesmo respeitada) essa reputação de equidistância, o problema que agora se põe àquela grande emissora qatari é a maneira como agora está a cobrir o problema das antipatias contra o Mundial de futebol no próprio Qatar. É que, como se percebe pelas notícias abaixo (apenas o último mês de notícias) e como se ela fosse outra Fox News desesperadamente engajada em promover Donald Trump, também não há qualquer vislumbre de pluralismo na maneira como a Al Jazeera está a reportar a hostilidade como o acontecimento está a ser acolhido junto de uma parte da opinião pública dos países ocidentais. Onde param as suas tradicionais simpatias terceiro-mundistas por estas causas, agora consubstanciadas nas condições dos trabalhadores nepalis que construíram os estádios?... Não é por estar domiciliada num país muçulmano que a cadeia Al Jazeera não tenta promover também uma falsa imagem angelical das suas emissões. O Islão também tem anjos e é nestas ocasiões que os anjos perdem as asas...
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