10 de Novembro de 1952. O norueguês Trygve Lie (1896-1968), o então secretário-geral da ONU demite-se inesperadamente. A sua situação tornara-se extremamente difícil ao contar com a hostilidade declarada da União Soviética (e dos países do respectivo bloco) por causa do comportamento que o secretário-geral adoptara aquando da invasão da Coreia do Sul pela Coreia do Norte em Junho de 1950. Desde essa altura, o comportamento dos soviéticos e seus aliados fora sistemático no boicote à acção do norueguês. Mas a gota de água terá sido um ataque vindo do outro lado, dos Estados Unidos e do McCarthysmo, que começara a perseguir funcionários das Nações Unidas de nacionalidade norte-americana por estarem associados a outros acusados daqueles processos anti-comunistas. A posição do secretário-geral tornara-se insustentável. Comprovadamente, qualquer secretário-geral da ONU tem que ter princípios para suscitar respeito, mas não pode ter demasiados princípios, senão arrisca-se a incorrer na ira dos grandes actores da cena internacional. Trygve Lie veio a ser substituído dali por cinco meses (Abril de 1953) pelo sueco Dag Hammarskjöld (1905-1961). A efeméride é também um pretexto para recordar António Guterres, uma grande honra para Portugal, assim como Trygve Lie foi uma grande honra para a Noruega.
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