Ainda 16 de Agosto de 1977. Morria num acidente em Moçambique Ramiro Correia, que fora um dos militares de Abril. Não propriamente um militar do 25 de Abril (era primeiro-tenente médico...), mas um dos militares do depois do 25 de Abril, do PREC. Foi marcante o seu desempenho à frente da 5ª Divisão, que se tornara o órgão doutrinador da facção comunista do MFA. Tornara-se por isso um dos derrotados do 25 de Novembro. Por causa da coincidência das datas, é interessante fazer a comparação de como era feita a cobertura noticiosa no Diário de Lisboa (um jornal comunista) daqueles dois óbitos.
«Todos os portugueses que para sempre se integraram no "25 de Abril de 1974" estão hoje de luto.» Era assim que começava, logo na página 2, a notícia da morte acidental de Ramiro Correia aos 39 anos, que era até precedida de uma chamada de primeira página (acima, à esquerda).
«Milhões de admiradores estão hoje de luto pela morte de Elvis Presley, o rei do "rock-roll" e ídolo de uma geração». Mas, apesar do preâmbulo, e porque não tinha qualquer outro destaque, a tal geração tinha que ter folheado o jornal até à página 13 para ler a notícia da morte do seu ídolo.
Tempos de critérios editoriais bem bizarros.
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