A página é de um humor absurdo. Os membros do mostruário mostram-se de um segregacionismo paradoxal, considerando que são apenas escravos. A escrava velha comenta reprovadoramente o hálito a vinho de Obélix e o escravo efeminado faz um comentário que se pretende tão espirituoso quão desdenhoso (mas que se perde na tradução*), embora o protagonismo dos insultos e da sofisticação vá para o atleta grego que assume sucessivamente poses de esculturas clássicas como O Pensador (1º quadro), Laocoonte e seus filhos (3º quadro) ou O Discóbolo (5º quadro) enquanto antipaticamente esgota a paciência dos gauleses com provocações sucessivas. Suponho que qualquer leitor tenderá a acolher com simpatia a reinterpretação em estilo moderno da pose do Discóbolo no 6º quadro. Mas toda a animosidade e os danos no mostruário foram demais para o senhor Tifus e para a preservação da imagem de qualidade do seu estabelecimento...
* «pacotilha de argonauta» (4º quadro) é um insulto que não faz qualquer sentido em português. No francês original «pacotille à l'argus» é um trocadilho com a expressão «pas côté à l'argus" que é uma expressão utilizada em França no comércio dos automóveis usados. O valor destas viaturas, tomando em conta o ano de fabrico e a quilometragem, costumam estar cotadas no jornal L'Argus. Não estar ali cotado (pas côté à l'argus) significa que a viatura usada é considerada como tendo um valor comercial residual.
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