2 de Agosto de 1990. Ao fim de dez anos de espera, a cadeia internacional de notícias CNN tinha finalmente aquele acontecimento para a qual fora concebida (e não irá desmerecer a ocasião): uma guerra com muitos meios militares (blindados, aviação, etc.) para exibir. Mas atenção: mais do que uma guerra próximo das frentes de combate (tal como chegara a acontecer 22 anos antes no Vietname), tornava-se uma guerra que, tanto quanto possível, era para ser transmitida com imagens em directo. Como se percebe pelas imagens acima, privilegiava-se o que sentiriam os koweitis comuns ao verem-se invadidos pelos soldados iraquianos, em detrimento da análise do que pudessem ser as intenções e/ou a dissecação do conteúdo do previsível ultimato que Saddam Hussein teria apresentado ao Emir do Koweit. Com este estilo, a CNN destacava-se na batalha pelas audiências, as outra rivais copiavam-no, e o modelo acabava por transformar decisivamente tanto jornalistas quanto militares para o futuro: a) os primeiros passaram a noticiar não em função do que é importante que esteja a acontecer, mas em função das imagens que se arranjam para mostrar; b) os segundos organizam os seus planos de operações em função já não tanto (nem exclusivamente) do inimigo quanto da imagem que pretendem transmitir para a opinião pública doméstica.
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