08 agosto 2017

OS LOUROS DE CÉSAR (2)

À época da publicação de Os Louros de César (1971) Asterix já tinha consolidado uma reputação de se tratar de uma banda desenhada que só aparentemente era infantil mas onde o interesse era fazer uma segunda leitura mais sofisticada. Mas esta história apresenta-se de uma forma demasiado sofisticada para poder ser compreendida satisfatoriamente pelas crianças. Tome-se o exemplo da segunda linha desta página acima: nem é apenas o efeito (complexo) de reverter a acção da história até à acção voltar a Lutécia, fazendo um flashback. É o facto de, sem as explicações dos quadros, não se poder perceber o que se está a ser feito. Se as crianças ainda analfabetas não podiam acompanhar os detalhes da intriga nas aventuras precedentes, neste caso elas parecem completamente esquecidas, quase destratadas. Quanto à evolução do desenho de Uderzo ela está bem patente na sofisticação da perspectiva aérea de Lutécia quando comparado com um desenho muito equivalente que havia sido feito em 1960 para a segunda aventura da série, A Foice de Ouro (p. 6). Por fim, repare-se o descaramento como em páginas consecutivas Roma e Lutécia (Paris) são consideradas ambas «a mais prodigiosa cidade do universo».

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