Quando se dá relevo ao facto de
um recente relatório da ONU ter estimado que os subornos no Afeganistão representarão cerca de ¼ do
PIB, o que há de novo é a publicidade que é dada ao facto. Deverá haver dúzias de estudos anteriores, onde se extraíram conclusões muito semelhantes, desde os
classificados, que foram produzidos pelos serviços de informações, aos de acesso público, da autoria das agências mundiais. Parece, com esta notícia, que finalmente se tornou adequado reconhecer o que qualquer
estratega de café já descobriu há muito tempo:
- Aquilo no Afeganistão transformou-se cá num fiasco!...

Convém, contudo, moderar um pouco a hipocrisia desta manobra mediática destinada a auditórios de países ricos. Por exemplo, o jornal
Público – insuspeito de
adicionar valor às notícias que lhe
impigem lá de fora – põe em título:
“Cancro da corrupção” espalha-se no Afeganistão. Ora quase todos nós pensamos que conhecemos suficientemente bem aquelas sociedades para suspeitarmos que nelas a corrupção é um
parasita que se dá suficientemente bem para não precisar de as matar como o
cancro o faz... O problema e a causa real para tanta
indignação será outra e, como de costume, de origem política…

Há tropas combatentes norte-americanas no Afeganistão desde Outubro de 2001, já lá vão 8 anos. Para comparação, nos mesmos 8 anos, houve outras tropas combatentes norte-americanas que chegaram (Março de 1965) e abandonaram (Agosto de 1973) o Vietname… Creio que a pergunta importante, tanto num caso como noutro, será:
o que elas estiveram e estão lá a fazer?
Por que causa é que estiveram e estão a lutar? A manobra política que, num caso e noutro, deveria ser a
essência da intervenção norte-americana, a construção de um regime político que enquadrasse uma sociedade viável, revelou-se um fiasco…

Não vale a pena culpar agora o desempenho dos militares porque as realidades políticas são implacáveis e 8 anos foi demasiado tempo para se ter perdido a fazer
asneiras e para continuar a apostar em projectos que se vieram a revelar fracassos como terá sido o caso de Hamid Karzai (acima). Uma notícia como esta, saída
cirurgicamente poucos dias antes da realização de uma cimeira
dos países doadores ao Afeganistão (28 de Janeiro), dá todo o aspecto de
preparar o terreno para que se verifique uma
inflexão substancial quanto à política ali prosseguida pelas potências ocupantes – a começar pela dos Estados Unidos…
Este texto mostra que o "nosso" Vistor Constâncio lá seria sempre um excelente supervisor.
ResponderEliminar:::::::::::
O problema é que aquilo não tem solução à vista. Ao contrário das papoilas.
Obama aposta nesta guerra
ResponderEliminarenquanto não tiver outra à mao
As fábricas "israelitas"
não podem deixar
de facturar
os arsenais armamentistas
têm períodos de validade