17 janeiro 2010

COMO DESPEJAR O CINZEIRO DO CARRO

Será que o leitor deste blogue sabe quem é Peter Praet? Ou já terá ouvido falar de Yves Mersch? As duas respostas negativas são a melhor indicação que o assunto de que vou tratar neste poste não tem, na sua essência, interesse nenhum, a não ser por causa de um aspecto colateral a que darei o devido destaque. Esclareçamos então, em primeiro lugar, que os dois senhores acima são os rivais de Vítor Constâncio na corrida para um lugar da burocracia bancária de Bruxelas. Ora Vítor Constâncio já os leitores sabem quem é…

A razão para que a burocracia bancária bruxelense esteja interessada no concurso de Vítor Constâncio é, para mim, misteriosa, considerando o comportamento irresponsável que ele assumiu em Portugal à frente do Banco Central cá do sítio perante a constatação evidente das falhas da sua missão de fiscalização. E embora não conheça o percurso profissional dos senhores Praet (da Bélgica) e Mersch (do Luxemburgo), sei que dois dos maiores bancos do Benelux¹ também estiveram para estoirar em finais de 2008
São constatações que nos podem levar a uma legítima especulação sobre qual será a real utilidade destas vice-presidências do Banco Central Europeu que torna os cargos tão disputados sem serem importantes? Serão cargos que têm um prestígio aparente e para onde os governos nacionais tentam transferir os seus indesejáveis (como o caso de Vítor Constâncio), quando eles são irremovíveis, se tornam num fardo político e se mostram teimosos e/ou obtusos aos estragos políticos internos² que continuem a causar?…

Se assim for, afinal não seremos só nós a descartarmo-nos dos indesejáveis para organizações internacionais!… Imagine-se que eu criara o complexo, depois de termos mandado lá para fora sucessivamente Guterres, Durão Barroso e Sampaio (tudo em cargos que prestigiam imenso o país, claro!...), de sermos um povo porco e badalhoco, que trata os nossos antigos governantes da mesma forma que deita fora as beatas esquecidas no cinzeiro do carro: quando nos apanhamos num estacionamento longe de casa e de forma muito discreta…
¹ Benelux: Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Os bancos eram o Fortis e o Dexia.
² Vale a pena realçar o comportamento coerente do (agora) eurodeputado Nuno Melo. E, mais do que o comportamento de Nuno Melo, vale ainda mais a pena realçar o estado que se atingiu quanto às nossas expectativas sobre o que deve ser a seriedade dos comportamentos dos políticos quando um mero gesto de coerência é credor de destaque… Mas tem de ser, quando as referências são assim inqualificáveis.

2 comentários:

  1. Eu proponho um lugar de embaixador de Portugal na Colômbia, para Cavaco Silva. E esposa, claro. E um lugar para Santana Lopes num consolado, digo consulado.

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  2. Este post não deixa beata sobre beata...

    :))

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