11 janeiro 2010

A EFICÁCIA E A ESTÉTICA DO SA-2 GUIDELINE

Enquanto na NATO os norte-americanos deram ao míssil a designação tecnocrática de SA-2 com o cognome de Guideline, os seus criadores soviéticos, conferiram-lhe uma outra poesia no acto de baptismo, adicionando ao S-75 técnico, a designação de um dos seus rios para cada nova versão do míssil: o Dvina, o Volkhov, o Desna… A hora gloriosa para a reputação do SA-2 surgiu a 1 de Maio de 1960, quando um deles abateu um U-2, um avião espião da CIA, a sobrevoar ilegalmente a União Soviética (abaixo).
O míssil era normalmente operado através de um conjunto múltiplo de plataformas – haviam sido necessários lançar catorze para que um deles derrubasse o U-2 espião! – e embora pudesse atingir uma grande altitude (cerca de 20 km), nem o seu alcance era muito significativo (apenas 45 km, o que implicava que o avião hostil tivesse de voar muito próximo das plataformas), nem os seus sistemas de detecção e orientação eram muito sofisticados. A baixa altitude, o míssil pura e simplesmente não funcionava…
Contudo, dada a reputação adquirida – durante a Crise dos Mísseis de Cuba no Outono de 1962 mais outro U-2 foi abatido quando sobrevoava a ilha… – o SA-2 tornou-se uma das marcas do sucesso militar soviético que este apenas distribuía aos aliados mais fiéis e que precisassem de contrariar a esmagadora superioridade aérea do seu grande rival: os Estados Unidos. Era o caso do Vietname do Norte e em 1965 os primeiros SA-2 fizeram a sua aparição nos céus do Vietname. O primeiro avião foi abatido em Julho.
Por essa altura, já a eficácia operacional dos SA-2 estava a ser seriamente desafiada, embora não restassem dúvidas que as formas longilíneas daqueles mísseis contribuíam para que se produzissem fotografias de propaganda de uma estética espectacular, dando uma imagem ímpar de capacidade de retribuição a um poder aéreo esmagador… Era o que os países árabes estavam mesmo a precisar, depois da hecatombe que eles haviam experimentado durante a Guerra dos Seis Dias de Junho de 1967…
Durante alguns anos, nessa guerra de propaganda, perduraram as imagens de um Egipto e de uma Síria que agora pareciam impermeáveis à repetição dos acontecimentos de 1967 (acima). Depois, quando da última Guerra israelo-árabe do Yom Kippur travada em Outubro de 1973, veio a prova da real valia dos então obsoletos SA-2... Há algo de perverso nesta última fotografia da contra-propaganda dos israelitas (abaixo), tirada a uma bataria de SA-2 egípcia, destruída pelos seus aviões quando a atacaram quase a rasar o solo…

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