Se os interesses coloniais portugueses na América Latina se podem dar por concluídos em Julho de 1823, data da rendição do destacamento do exército português que estava estacionado na Baía comandado pelo Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo, a história colonial espanhola na América ainda perduraria por mais 75 anos. Mas, mais do que isso, se os portugueses não se imiscuíram de forma significativa nas convulsões internas de carácter separatista que ocorreram na sua antiga colónia do Brasil ao longo do Século XIX, registe-se que o comportamento dos espanhóis foi muito diferente.
A época em que esse envolvimento da Espanha se tornou mais evidente foi a década de 1860, não por acaso o período que coincide com a eclosão da Guerra Civil nos Estados Unidos (1861-65), e o período também aproveitado por outras potências europeias para tentar regressar à América, como foi o caso da aventura mexicana da França de Napoleão III, episódio já por mim tratado num poste anterior. A Espanha, embora se tivesse associado à França na questão mexicana, também desenvolveu iniciativas próprias, uma das quais a levou à Guerra Hispano- Sul-Americana (1864-66).
A época em que esse envolvimento da Espanha se tornou mais evidente foi a década de 1860, não por acaso o período que coincide com a eclosão da Guerra Civil nos Estados Unidos (1861-65), e o período também aproveitado por outras potências europeias para tentar regressar à América, como foi o caso da aventura mexicana da França de Napoleão III, episódio já por mim tratado num poste anterior. A Espanha, embora se tivesse associado à França na questão mexicana, também desenvolveu iniciativas próprias, uma das quais a levou à Guerra Hispano- Sul-Americana (1864-66).
Em 1862 a Espanha, que entretanto havia recuperado após 41 anos, a colónia de Santo Domingo (a actual República Dominicana*), enviou uma expedição científica à América do Sul. Era constituída pelos mais modernos navios da armada espanhola (acima), a expedição era uma evidente exibição de força em águas que outrora havia dominado, a que não faltava o requinte de cortesia do facto do comandante deliberadamente escolhido para a expedição ser o Almirante Luis Hernández-Pinzón y Álvarez de Vides, que era um descendente directo de um dos célebres companheiros das viagens de Cristóvão Colombo...
Não se sabe quais as instruções que o Almirante recebera para a sua expedição mas, se é provável que não fosse à procura de sarilhos, também é provável que, considerados os acontecimentos subsequentes, também não fosse obrigado a agir com o maior tacto e diplomacia caso eles surgissem. As razões que levaram os expedicionários a assumir uma posição de força permanecem ainda hoje um pouco confusas. De qualquer modo, a reacção espanhola pareceu desproporcionada, ao ocuparem as ilhas Chincha (abaixo) que, por causa do guano, eram uma das principais fontes de receitas do Peru na época.
Não se sabe quais as instruções que o Almirante recebera para a sua expedição mas, se é provável que não fosse à procura de sarilhos, também é provável que, considerados os acontecimentos subsequentes, também não fosse obrigado a agir com o maior tacto e diplomacia caso eles surgissem. As razões que levaram os expedicionários a assumir uma posição de força permanecem ainda hoje um pouco confusas. De qualquer modo, a reacção espanhola pareceu desproporcionada, ao ocuparem as ilhas Chincha (abaixo) que, por causa do guano, eram uma das principais fontes de receitas do Peru na época.
A manobra diplomática espanhola foi um verdadeiro fiasco e, em vez de obter os aliados locais de que necessitaria para a apoiar no conflito com o Peru, a arrogância da conduta do almirante espanhol acabou por conseguir o milagre da formação de uma aliança de antigas colónias espanholas (Peru, Chile, Equador e Bolívia) que, apesar de Repúblicas rivais**, viram com receio os (improváveis) projectos imperiais espanhóis nas costas sul-americanas do Pacífico. Houve alguns combates entre a armada espanhola e a aliada, formada pelas marinhas chilena e peruana, mas nenhum deles se revelou decisivo.
Contudo, a situação estratégica era insustentável para a armada espanhola. Por um lado, com a hostilidade do Chile, as suas ligações com a metrópole espanhola através do Sul da América, apesar de possíveis, haviam-se tornado muito mais complicadas. Por outro, as sanções infligidas ao comércio externo do Chile e do Peru passaram a interferir seriamente com os interesses económicos das outras grandes potências marítimas, a começar pelo Reino Unido e a acabar nos Estados Unidos que entretanto já haviam saído da sua Guerra Civil. Foi uma demonstração de força da Espanha que acabou pateticamente mal…
* A República Dominicana voltou a ser uma colónia espanhola entre Março de 1861 e Março de 1865.
** Dali por 15 anos (1879-84), Chile, Peru e Bolívia envolver-se-iam entre si numa nova Guerra.
Contudo, a situação estratégica era insustentável para a armada espanhola. Por um lado, com a hostilidade do Chile, as suas ligações com a metrópole espanhola através do Sul da América, apesar de possíveis, haviam-se tornado muito mais complicadas. Por outro, as sanções infligidas ao comércio externo do Chile e do Peru passaram a interferir seriamente com os interesses económicos das outras grandes potências marítimas, a começar pelo Reino Unido e a acabar nos Estados Unidos que entretanto já haviam saído da sua Guerra Civil. Foi uma demonstração de força da Espanha que acabou pateticamente mal…
* A República Dominicana voltou a ser uma colónia espanhola entre Março de 1861 e Março de 1865.
** Dali por 15 anos (1879-84), Chile, Peru e Bolívia envolver-se-iam entre si numa nova Guerra.
Lendo e aprendendo, oh incontornábel e bibiciânte poço de erudiçon!
ResponderEliminarOra bem! Incontornábel ainda percebo, devido à silhueta, agora um poço de erudiçon? Porquê um puoço? Por ser uma coisa faunda?
ResponderEliminarE não só, carago! É que um puoço , num sei se sabes, leba munto! Isto era a gabar-te carago! Num cueres? Deixa lá. Tem pacência que faz bem às bistinhas e não se paga....
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