Aborrece-me chegar ao fim da leitura de um livro assim tão dividido como aconteceu com esta História da Descolonização no Século XX da autoria de Bernard Droz. Por um lado, gostei e suponho ter aprendido com o que li; mas por outro lado, o livro chumbou clamorosamente naquilo que chamo o controlo de qualidade e fiquei na dúvida sobre o que terei aprendido.
Mas comecemos pelo princípio. A começar pelo título, grandioso em excesso, e que não devia induzir o leitor em erro. Trata-se principalmente de uma história da descolonização francesa que é complementada por apontamentos, mais ou menos extensos, sobre todas as outras descolonizações – belga, britânica, espanhola, italiana, holandesa e portuguesa.
Sintomático disso, o livro contém um glossário final com 41 nomes associados às descolonizações, dos quais a maioria (26 nomes – 63% do total) corresponde a intervenientes em episódios de descolonização de colónias francesas. Com esta distorção, nem é de surpreender que no glossário não apareça nenhum nome associado a uma antiga colónia portuguesa…
E foi aí que o livro se revelou um fiasco, na descolonização portuguesa, onde eu poderia controlar a qualidade e o rigor do autor. O descalabro começou discreto, num pormenor, quando Droz resolveu rebaptizar a FRETILIN a sentimento: FREnte TImorense de LIbertação Nacional. Até se ajusta mas está errado: Frente REvolucionária de TImor Leste INdependente.
Enfim, o detalhe poderia não passar da revelação de estarmos perante um daqueles autores desenrascados mas preguiçosos que, quando não sabe e não está para ir verificar, arrisca-se e improvisa com sentido, às vezes com azar. Mas isso não explica as ressonâncias exóticas que ele escolheu depois para o apelido do Presidente histórico da UNITA: Jonas Sawimbi mas com w…
Mas o que é talvez pior de encaixar para nós, portugueses, seja o nome com que Bernard Droz escolheu rebaptizar o último Presidente do Conselho do Estado Novo: Marcelino Caetano (sic)… Falha do autor, falha da revisão técnica e pensaria o mesmo de qualquer autor português que se referisse ao Presidente francês Jacques Pompidou… São erros factuais inaceitáveis...
Como o de atribuir (p.273) ao dispositivo militar português em África em 1974 265.000 efectivos (um excesso em 57%) dos quais apenas 30.000 eram de origem africana (uma subestimação em 50%). Enfim, depois de tanto disparate sobre aquilo que conheço, como posso aceitar como correcto aquilo que Droz escreva sobre o que desconheço? É pena...
Mas comecemos pelo princípio. A começar pelo título, grandioso em excesso, e que não devia induzir o leitor em erro. Trata-se principalmente de uma história da descolonização francesa que é complementada por apontamentos, mais ou menos extensos, sobre todas as outras descolonizações – belga, britânica, espanhola, italiana, holandesa e portuguesa.
Sintomático disso, o livro contém um glossário final com 41 nomes associados às descolonizações, dos quais a maioria (26 nomes – 63% do total) corresponde a intervenientes em episódios de descolonização de colónias francesas. Com esta distorção, nem é de surpreender que no glossário não apareça nenhum nome associado a uma antiga colónia portuguesa…
E foi aí que o livro se revelou um fiasco, na descolonização portuguesa, onde eu poderia controlar a qualidade e o rigor do autor. O descalabro começou discreto, num pormenor, quando Droz resolveu rebaptizar a FRETILIN a sentimento: FREnte TImorense de LIbertação Nacional. Até se ajusta mas está errado: Frente REvolucionária de TImor Leste INdependente.
Enfim, o detalhe poderia não passar da revelação de estarmos perante um daqueles autores desenrascados mas preguiçosos que, quando não sabe e não está para ir verificar, arrisca-se e improvisa com sentido, às vezes com azar. Mas isso não explica as ressonâncias exóticas que ele escolheu depois para o apelido do Presidente histórico da UNITA: Jonas Sawimbi mas com w…
Mas o que é talvez pior de encaixar para nós, portugueses, seja o nome com que Bernard Droz escolheu rebaptizar o último Presidente do Conselho do Estado Novo: Marcelino Caetano (sic)… Falha do autor, falha da revisão técnica e pensaria o mesmo de qualquer autor português que se referisse ao Presidente francês Jacques Pompidou… São erros factuais inaceitáveis...
Como o de atribuir (p.273) ao dispositivo militar português em África em 1974 265.000 efectivos (um excesso em 57%) dos quais apenas 30.000 eram de origem africana (uma subestimação em 50%). Enfim, depois de tanto disparate sobre aquilo que conheço, como posso aceitar como correcto aquilo que Droz escreva sobre o que desconheço? É pena...
De forma optimista e sobre os proveitos da minha leitura, resta-me fazer votos que Bernard Droz saiba efectivamente daquilo que eu não sabia e que aprendi neste livro, e que não soubesse daquilo que eu já sabia, embora se tivesse abalançado de uma forma demasiado convencida a escrever um livro não só sobre aquilo que sabe como também sobre aquilo que, patentemente, ignora…
Quem não tem conhecimentos para escrever sobre alguns assuntos recorre, por norma, a outros indivíduos para fazerem o trabalho.
ResponderEliminarEsta prática é corrente em França, onde estes colaboradores são conhecidos por "nègres"...
Talvez seja esse o caso: um "nègre" mal escolhido!
Se bem sei, Impaciente, há algumas reputações de escritor que foram construídas às "costas" do trabalho de "nègres", como aconteceu com o Alexandre Dumas (pai) dos 3 Mosqueteiros e suas sequelas.
ResponderEliminarContudo, como quem quer usar "nègres" continua a ter de rever o que eles fizeram, a responsabilidade do que aparece publicado pertence sempre a quem assina por baixo.