A persuasão política pode ter maneiras ultra simplificadas de se exprimir. Na famosa série televisiva Yes, Prime Minister, o Secretário Permanente Sir Humprey Appleby, quando tentava convencer o Primeiro-Ministro James Hacker a manter a encomenda do sistema de dissuasão nuclear que havia sido feito aos norte-americanos, teve este memorável diálogo com ele:
- Se o senhor fosse a um salão de vendas de mísseis nucleares, compraria o Trident… é encantador, é elegante, é bonito, é… muito simplesmente… o melhor. E o Reino Unido deve ter o melhor. No mundo dos mísseis nucleares é um fato de Savile Row, o Rolls Royce Corniche ou o Château Lafite 1945. É o míssil nuclear que lhe venderiam no Harrods. Que mais posso dizer?
- Apenas que custa 15 biliões de libras e que não precisamos dele.
- O senhor bem poderia dizer isso mesmo acerca de tudo o que existe no Harrods...
Adenda do dia seguinte: Um outro autor do blogue já lhe adicionou um terceiro poste sobre o mesmo tema que já se refere, embora ainda recorrendo no título ao nome TGV e de uma forma mais sóbria e mais correcta, à rede de Alta Velocidade (AV) a nível ferroviário. Inclui uma abordagem à questão dos possíveis traçados e a uma espécie de análise económica de exploração. Os comentários, a maioria de opinião discordante, são, não apenas mais, mas genericamente mais substantivos a manifestá-la do que nos dois postes anteriores. Não fiquei convencido com a argumentação que ali consta, mas isso é uma outra coisa diferente...
- Se o senhor fosse a um salão de vendas de mísseis nucleares, compraria o Trident… é encantador, é elegante, é bonito, é… muito simplesmente… o melhor. E o Reino Unido deve ter o melhor. No mundo dos mísseis nucleares é um fato de Savile Row, o Rolls Royce Corniche ou o Château Lafite 1945. É o míssil nuclear que lhe venderiam no Harrods. Que mais posso dizer?
- Apenas que custa 15 biliões de libras e que não precisamos dele.
- O senhor bem poderia dizer isso mesmo acerca de tudo o que existe no Harrods...
Mau grado as distâncias temporais e culturais, trata-se de um estilo de argumentação mais sofisticado mas, ainda assim, muito semelhante àquele que podemos encontrar num poste que foi recentemente colocado no blogue Simplex, em que se procura enaltecer a construção do TGV: O PS vai construir o TGV; o PSD vai parar o TGV. Quem quiser viver no século XXI vota PS; quem quiser ficar no século XIX vota PSD. É Simplex. Apetece até acrescentar: E-quem-não-salta-é-contra-o-TGV-Olé!
Não sei se terá sido para complementar e corrigir aquele poste de um entusiasmo juvenil excessivo mas a verdade é que passados meia dúzia deles há um colega de blogue que volta ao tema TGV. Agora, com um argumento mais consolidado (imagem abaixo): Vários países europeus já apostaram, e continuam a investir, no TGV. Do ponto de vista geográfico, podemos observar que no lado ocidental há uma lacuna. A única, a do nosso País. Que o PS quer terminar e a oposição faz questão de manter.
A – O que é útil
B – O que é confortável
C – O que é divertido
D – O que provoca a inveja dos vizinhos Naquele caso dos menires, à falta de qualquer outro atributo, os argumentos de venda teriam que assentar em D. E no caso do argumento para vender o TGV neste segundo poste parece acontecer precisamente o mesmo, só que os invejosos somos nós, que ainda não temos o que os nossos vizinhos já têm… Chama-se a atenção aos autores do blogue Simplex que, reconhecendo que um blogue terá limitações quanto ao grau de profundidade com que os assuntos ali são debatidos, convém que não se fique por caricaturas mal feitas de momentos de humor…
Não sei se terá sido para complementar e corrigir aquele poste de um entusiasmo juvenil excessivo mas a verdade é que passados meia dúzia deles há um colega de blogue que volta ao tema TGV. Agora, com um argumento mais consolidado (imagem abaixo): Vários países europeus já apostaram, e continuam a investir, no TGV. Do ponto de vista geográfico, podemos observar que no lado ocidental há uma lacuna. A única, a do nosso País. Que o PS quer terminar e a oposição faz questão de manter.
Confesso que neste segundo caso do que me lembrei foi de uma passagem do álbum Obélix e Companhia de Goscinny & Uderzo e de uma famosa apresentação a Júlio César de uma campanha de marketing para vender menires – objectivamente um produto sem utilidade alguma… Como ali explicava o tecnocrata Caius Saugrenus (uma caricatura de Jacques Chirac - clicar em cima da imagem mais abaixo para a ampliar) as pessoas compram:
A – O que é útil
B – O que é confortável
C – O que é divertido
D – O que provoca a inveja dos vizinhos
Adenda do dia seguinte: Um outro autor do blogue já lhe adicionou um terceiro poste sobre o mesmo tema que já se refere, embora ainda recorrendo no título ao nome TGV e de uma forma mais sóbria e mais correcta, à rede de Alta Velocidade (AV) a nível ferroviário. Inclui uma abordagem à questão dos possíveis traçados e a uma espécie de análise económica de exploração. Os comentários, a maioria de opinião discordante, são, não apenas mais, mas genericamente mais substantivos a manifestá-la do que nos dois postes anteriores. Não fiquei convencido com a argumentação que ali consta, mas isso é uma outra coisa diferente...
TGV não quer dizer:
ResponderEliminarTemos Grande Vigarice?
Temos ao menos necessidade é de de não ler patacoadas destas a seu respeito.
ResponderEliminarO TGV é, para um país da nossa dimensão, tão lógico como uma ligação aérea Lisboa-Coimbra-Porto, em Boeing 747!
ResponderEliminarEssa, pelo menos, teria uma vantagem: quando terminasse (o que seria rápido!) dava para vender os aviões e reduzir o prejuízo.
Assim vamos ter um investimento que vai pesar (e muito!) às futuras gerações, o que não afectará, certamente, os decisores... que já repousarão, não em paz, se Justiça existir!